Palavras para o meu amor que emigrou.

Já passou um mês. Um mês desde que foste em trabalho para a Alemanha. Falo todos os dias contigo e todos os dias sinto ainda mais a tua falta. Mentiram-me, sabes? Disseram-me que a saudade ia diminuir com o tempo, mas só aumenta. E tem sido de uma forma tão descontrolável que já não cabe no coração.

Ninguém me ensinou a não pensar em ti todos os dias à noite e no lugar vazio que deixaste na nossa cama. Ninguém me disse que tinha que deixar de ligar para ti quando o caos me batesse à porta. Ninguém me mostrou outro caminho que não a tua casa. Já te disse que no outro dia, depois de sair à noite, fui em direção ao teu portão? Ainda esperava encontrar-te à porta, à minha espera, a pedires que eu fizesse pouco barulho com os saltos para não acordar os teus pais. Caí em mim quando cheguei e estava tudo fechado, vazio, sem ninguém à espera e digo-te, nunca achei aquele sítio tão triste como nessa noite.

Foste embora e não te levaste só a ti. Levaste uma mala cheia de sorrisos arrancados de forma inesperada e de lágrimas em momentos de aflição. Levaste as palavras que me acalmam, o abraço que me protege e o beijo que me arrebata todo o ar do peito. Levaste a presença na cozinha a fazer o queixume do costume “sempre a mesma comida?” e a companhia do sofá de sexta à noite a ver um filme. Levaste parte da minha felicidade. Os nossos amigos dizem que ando mais em baixo! Será que eles não entendem que me faltas tu e tudo aquilo que me proporcionas para ser feliz?

Eles não conhecem essa parte de ti para sentirem a mesma falta que eu. Esse lado que constantemente acorda de noite para saber se estou tapada. Esse lado capaz de pegar no carro para ir à farmácia comprar qualquer coisa às quatro da manhã para acalmar a minha tosse. Não conhecem o rapaz que és quando te preocupas com a minha faculdade e com a minha avó. Não te conhecem como só eu conheço. Desculpa algumas discussões mas a insegurança em estares tão longe sobrepõe-se à razão. Desculpa a pressão constante para me dizeres um “amo-te”, mas preciso disso para conseguir seguir cheia de certeza do êxito em nós. Desculpa não te facilitar os dias, mas mais difícil é lidar com o meu coração que grita que voltes. Desculpa resmungar quando te vais deitar mais cedo, mas a tua voz acalma-me e eu gosto de ouvi-la. Desculpa por tudo. Se em tempos resmungava pela pessoa que eras, agora só te posso agradecer pelo amigo e namorado que tens sido.

És o meu orgulho, o exemplo de como com amor os dias se tornam mais fáceis. Dás muito de ti para que isto resulte e eu me consiga aguentar. Obrigada por não desistires, eu por cá vou dando tudo de mim. Cá te espero um dia próximo, no sítio do costume, com o sentimento mais forte do que aquele que levaste. Amo-te como só a saudade me permite amar, efusivamente.

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