Quem ama comete loucuras

O amor arrebata e eleva a intensidade de tudo aquilo que sentimos, exagerando-nos os sentidos, intensificando os prazeres que fazem parte do nosso caminhar, tornando-nos mais felizes e realizados. E isso faz-nos tão bem, que não nos inibimos de ousar, arriscar e de quebrar paradigmas em nome da manutenção daquilo tudo nas nossas vidas. Há que se perder a razão pelo amor, salvando-se logicamente a dignidade, mas chegando às raias do impossível, pois amor não tem limites, a não ser a manutenção da integridade do amor próprio.

Quem ama respira ares tranquilos, fica de bem com a vida, não se importando com as opiniões de gente negativa e sugadora de energia. O escudo amoroso é imune à inveja, à maledicência e ao mau-humor, pois absorve sempre o lado bom de tudo o que está ali ao seu redor. As coisas tornam-se mais claras quanto à sua importância ou não, ou seja, o amor é filtro do bem, pois reflete nada menos do que a felicidade pura.

Quem ama perde medos injustificados, sem fundamento, desprendendo-se de convenções e normas que não se sustentam. Os limites não se prendem mais a preceitos sociais duvidosos. Quem ama faz o que jamais faria, sonha o que nunca sonharia, age como não agiria. Quem ama avança, transforma-se, renova-se, acordando tudo aquilo que dormia no seu íntimo. Quando vivemos o que nos torna melhores, mudamos as nossas perspectivas, percebemos com mais clareza o que realmente vale a pena manter connosco e o que não é digno de atenção. O amor não perde tempo, não se irrita com o que é irrelevante, não gasta energia com o que é inútil.

Quem ama entrega-se por inteiro, doa-se sem reticências, sem hesitações, pois não teme a aceleração das batidas do coração, o suor que molha a face, o frio que percorre o corpo, cedendo às necessidades dos seus desejos, de corpo e alma. E, por isso mesmo, recebe em troca a inteireza da reciprocidade amorosa, sentindo-se realmente importante na vida do outro, pela profundidade dos olhares que se voltam na sua direção, desnudando-lhe a alma.

Amar é preciso, porque viver é preciso. Vivemos melhor e mais felizes quando amamos, quando partilhamos sonhos, sentimentos e bagagem com quem é sincero e admira tudo o que temos, somos e queremos. Tornamo-nos mais reais e seguros quando estamos certos de que alguém está ali do nosso lado, torcendo por nós e pronto para amparar as nossas quedas.

O amor torna-nos ousados, destemidos, pois mune-se de transparência e humaniza-nos, equilibrando a luz e a escuridão que todos carregamos, trazendo a dor e o prazer que nos faz viver o que merecemos, na medida exata do que fizemos por merecer.

Texto de Marcel Camargo

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