Aprende a distinguir quem merece uma explicação, quem merece apenas uma resposta e quem não merece absolutamente nada
Por mais que a gente explique, sempre haverá alguma coisa que alguém não vai entender como devia. Fazer o quê? É a vida, esse longo e infinito exercício de paciência.
Cheguei numa altura da minha vida em que troquei o “não foi isso que quis dizer” pelo “entende como quiseres”.
Algumas coisas e algumas pessoas não merecem nem um segundo da nossa atenção. Sempre que tu tentas facilitar as coisas existe alguém pronto a tornar a vida mais difícil. A gente esclarece, elucida, dá exemplos, faz desenho e de nada adianta.
Por mais que tu expliques, sempre haverá uma alma disposta a compreender só o que quiser, a interpretar como bem entender o que nós dissemos e a chegar a uma conclusão completamente diferente da que nós pretendíamos. Então, explicar de novo para quê? Diz uma vez e deixa o outro deduzir como preferir. A vida é muito curta para explicações tão longas.
A verdade é que bons ouvintes dispensam grandes justificações. E também é verdade que nós não devíamos perder tempo à toa. Tempo a gente vive. E eu não quero viver o meu explicando algo a quem não vai entender mesmo. Aliás, eu acho até que quem quer sempre fazer-se entender, quem pretende a todo o tempo ser compreendido precisa na verdade de ajuda de alguém para redirecionar a sua energia e o seu foco.
Nós nem sempre somos compreendidos como desejamos. Quem ouve, quase sempre há-de ouvir apenas o que lhe satisfizer. De tudo o que lhe for dito, entenderá apenas o que lhe parecer conveniente. Portanto, explicar demais é inútil.
Se for mesmo indispensável apresentar álibis e provas, encontrar testemunhas e convencer alguém de que tu és inocente, contrata um advogado. Nos outros casos, vira a página, passa adiante e segue em frente. Por mais que tu expliques tudo certo, alguém vai sempre insistir em entender tudo errado.
Texto de André J. Gomes