O cansaço mental é muito pior do que o cansaço físico
A vida nunca foi fácil, mas parece que ultimamente as coisas pioraram bastante. Existem mais pessoas, mais lugares, mais histórias tendo que conviver juntas, mas ainda assim as relações humanas se fragilizam devido à distância que cresce entre as pessoas.
Há mais estresse, mais horas de trabalho, e tudo isso acaba esgotando as energias de qualquer um. A vida moderna nos obriga a passar grande parte do nosso tempo focados no trabalho.
No mundo atual, somos ensinados que quanto mais bens materiais as pessoas adquirem mais prestigiadas e humanas elas se tornam, e isso gera um consumismo desenfreado, para que os outros nos vejam como alguém que existe realmente. Junto com o consumismo, caminha a valorização das aparências, da ostentação de marcas, corpos esculpidos e dentes brancos. E haja dinheiro para poder lapidar o corpo, à imagem e semelhança do estereótipo midiático da perfeição.
Passamos a nos preocupar tanto com o que está lá fora, que acabamos nos esquecendo de ouvir o ritmo da nossa alma, do nosso coração. A busca frenética pelo exterior de contos de fadas nos torna descuidados com os sentimentos, com a essência, com tudo o que realmente vale a pena. Temos que ser bonitos, magros, felizes e ter um salário pomposo. Temos que engolir o choro, pois fraqueza é feio. Temos que ser fortes o tempo todo, mas isso é impossível, e por isso sofremos todos. Em silêncio.
É preciso, portanto, parar, acalmar, demorar-se, ouvir o silêncio e apreciá-lo, pois é assim que conseguimos prestar atenção em nós mesmos. É preciso estar atento aos sinais que o nosso corpo manda, às vezes de forma bem discreta, para que o volume das aflições e das ânsias emocionais não cresça e sufoque a nossa força, as nossas esperanças, a nossa fé.
É preciso prestar atenção nas dores do corpo, sim, mas sem negligenciar as dores da nossa alma. A exaustão emocional é mais massacrante do que o cansaço físico, porque na maioria das vezes temos vergonha de admitir que não vamos dar conta, que não estamos aguentando, que estamos fracos.
Muitas vezes, a gente tem vergonha de chorar. Mas não deveríamos, não poderíamos. Como se vê, é mais fácil repousar um corpo dolorido do que acalmar uma mente exausta.
Precisamos criar o hábito de dedicar algum tempo a nós mesmos, apreciar a nossa própria companhia, abrandar o ritmo, ouvir o nosso consciente, acalmar as nossas preocupações, curar as nossas feridas emocionais e restaurar a nossa paz interior. Só dessa forma conseguimos atingir um estado de equilíbrio interior que nos permite aproveitar o lado bom da vida e que nos faz sentir verdadeiramente felizes e realizados, tal como merecemos.
Por: Marcel Camargo