Amar ou perder, ser feliz ou sofrer…
A vida é um poço sem fundo de instabilidades. Num momento temos tudo e no outro rastejamos, implorando para que nos devolvam o que tão cruelmente nos foi arrancado.
É impossível ir dormir com a certeza de que o dia seguinte será ensolarado e cheio de novas oportunidades, porque numa questão de segundos o céu escurece e a chuva faz-te voltar para casa.
Todos já perdemos alguém: um amor, um amigo, um parente. Parece que toda a nossa vida se condensa nesse momento, impedindo-nos de recordar anteriores momentos de felicidade. Quase que acreditamos que não existiram, que toda a nossa vida foi pautada na tristeza e na dor imensa que naquele instante nos domina.
Mas não é verdade. A vida, como tudo, possui os dois lados da moeda: amar ou perder, sorrir ou chorar, viver ou morrer, continuar ou parar, ser feliz ou sofrer. Não nos cabe a nós escolher um lado; que bom seria se assim fosse! Tudo o que podemos fazer é aceitar de bom grado o lado que nos calhar, porque nunca sabemos qual será nem quando se lançará a moeda novamente, pelo que o infortúnio poderá durar para sempre ou por apenas alguns minutos.
Eu não sei. Ninguém sabe. A vida, para além de um poço sem fundo de instabilidades, é uma incerteza constante. É um enorme ponto de interrogação numa página em branco. É uma aventura, um livro por escrever, um mistério por descobrir.
Nem sempre nos apetece velejar nos rios sinuosos da vida; nem sempre queremos ler a página seguinte ou descobrir a resposta para uma questão. Por vezes o melhor é mesmo ignorar, cobrir os olhos e os ouvidos e fingir que não sabemos, que não vimos, que não aconteceu.
A verdade, contudo, é que não podemos fugir da nossa vida nem do nosso destino. Não podemos simplesmente apagar a nossa história e começar de novo; não podemos simplesmente parar e deixar que a vida siga o seu curso sozinha. Porque ela passa, quer nós queiramos quer não, mas é da nossa inteira responsabilidade se ela viaja por bons portos ou se se deixa naufragar.
Hoje ganhaste, amanhã perderás. Ou não.
Vais ficar sem saber ou vais viver para descobrir?
Texto de Ana Isabel