Fica com quem te ache interessante, mesmo quando não fores mais novidade
Não merece ficar junto quem não faz a menor questão de estar ali, quem não demonstra um mínimo de consideração por tudo o que fizemos, nem por nada do que somos. Que vá embora quem fica sem estar de verdade!
Somos movidos por alcançar o que ainda não temos, por chegar aonde nunca fomos, por sentir o que nos é novidade. O novo atrai, desperta interesse, fascina. No entanto, dentro de nós, há necessidade de mantermos algumas permanências que nos sustentam o equilíbrio e a serenidade com que devemos pautar a nossa vida diária.
Alguns sentimentos, emoções e determinadas pessoas devem ter um lugar permanente nas nossas vidas, mesmo que mudemos para outros lugares, mesmo que partamos para novos projetos. Sempre será necessário voltarmos os olhos para dentro de nós, para nos certificarmos de que muito do que já faz parte da nossa vida, e do que temos, é imprescindível ao nosso bem-estar.
Da mesma forma, temos que prestar atenção ao que realmente significamos na vida de alguém a quem nos entregamos, para percebermos se somos prioridade na vida do outro. Não no sentido de que ele deva idolatrar-nos acima de tudo, mas sim se os seus olhos nos procuram com necessidade íntima, se somos parte integrante das suas lembranças, se as nossas mãos se entrelaçam com calor humano em momentos de ternura intensa.
Não deixemos ir embora quem esteve ao nosso lado sob chuvas e trovoadas, quando ninguém mais havia ao nosso redor, quem sempre achava um jeito de nos trazer um sorriso, de nos levantar os ânimos, de nutrir admiração real.
Fiquemos com quem dorme e acorda a pensar em nós, com quem sente a nossa presença mesmo quando estamos longe. É aí que devemos estacionar a nossa alma.
Texto de Marcel Camargo