Aquilo que ninguém sabe, ninguém pode estragar
“O silêncio é um amigo que nunca trai.” (Confúcio)
É normal querermos que os outros saibam das nossas conquistas pessoais e das nossas metas, uma vez que, da mesma forma que a tristeza, a alegria costuma ficar estampada nos nossos rostos. Existem momentos tão intensamente felizes na nossa vida, que mal cabemos em nós de tanto contentamento e acabamos por querer contar e espalhar o quanto estamos felizes.
Entretanto, estaremos sempre rodeados por pessoas invejosas, maldosas e que não suportam ver alguém feliz, pois a felicidade é-lhes tão estranha, que não são capazes de entendê-la, a ponto de fazer de tudo para destruí-la. Não devemos temer a maldade alheia, no sentido de que ninguém é capaz de fazer connosco aquilo a que não estivermos vulneráveis. É preciso, porém, cautela, a fim de que não tenhamos que enfrentar o pior dos outros na nossa jornada.
Por mais que estejamos seguros e certos quanto às nossas convicções, existirão pessoas que tentarão diminuir-nos por meio de provocações constantes e de maledicências espalhadas ao nosso redor. Incapazes de torcerem pelo sucesso de alguém – nem de si mesmas -, não se permitirão conviver com as conquistas alheias sem que tentem trazer o outro ao nível da própria escuridão emocional, muitas vezes utilizando-se de meios antiéticos e covardes.
Muitas vezes, é inevitável disseminarmos pelas redes sociais o contentamento pelas nossas viagens, pelas nossas conquistas amorosas e profissionais, pelo sucesso dos nossos familiares, inclusive seria muito chato apenas postarmos lamúrias, indiretas venenosas e lamentações nos nossos perfis – existem ótimos psicólogos para isso. No entanto, é necessário saber que muitos verão tudo isso como ostentação inútil, excesso de vaidade, ego inflado, ou seja, estaremos sujeitos a comentários desagradáveis sobre nós, muitos deles pelas nossas costas.
Sempre existirá, por outro lado, quem torcerá pela nossa felicidade, quem caminhará ao nosso lado sob sol ou tempestade, quem nos amará verdadeiramente, quem, enfim, será capaz de partilhar as suas vidas com as nossas com uma reciprocidade sincera. Por isso, uma das nossas maiores conquistas será exatamente poder contar com pelo menos alguns poucos que nos admirem realmente. A esses, sim, poderemos desnudar-nos inteiramente, na nossa grandeza e na nossa pequenez mais inconfessável. Quanto aos demais, recomenda-se cautela.
Não precisamos estampar a nossa felicidade nas vitrines sociais e virtuais para que ela se complete. Aqueles que sempre estiveram ao nosso lado, bem de perto, a partilhar verdades, lerão a felicidade nos nossos olhos e comemorarão de mãos dadas cada conquista nossa, cada degrau superado, e é por eles que valerá sempre a pena sobreviver com ética e dignidade a cada batalha que surja no nosso caminho.
Texto de Marcel Camargo