Durante toda a minha vida, ninguém me disse o que era amor de verdade. Nunca ninguém me disse como um relacionamento deve ser. Eu tinha apenas dois modelos.
Um deles eram alguns dos casais que eu fui conhecendo, muitos dos quais passavam uma boa parte do seu tempo a discutir ou a tolerar-se um ao outro, na melhor das hipóteses. O outro modelo foi a cultura popular, na qual relacionamentos são retratados como o maior bem entre duas pessoas, o ponto final da história, o felizes para sempre.
E entre esses dois modelos existe um grande abismo, e só o amor pode ser a ponte. Ele deveria vir como um feitiço mágico, e, de repente tornar tudo fácil. Para sempre. A pílula mágica do amor.
Pode ser assim para algumas pessoas. Mas certamente não é para mim. E depois de me recuperar dos destroços de mais um relacionamento fracassado, decidi procurar por amor. Não por uma pessoa: Mas eu cheguei à conclusão decepcionante de que o problema não eram as outras pessoas, era eu.
E isto é o que eu aprendi: Todos os problemas nos relacionamentos são históricos. Eles têm a ver com um, ou geralmente ambos os parceiros a trazer feridas do passado para uma interacção presente.
Por exemplo, o parceiro abandonado pela sua mãe quando criança, que então se agarra à sua namorada, na necessidade de constante reafirmação de que ela não vai deixá-lo, reforçando assim o seu medo de que é indigno de ser amado.
Ou é o homem que foi sufocado e controlado pela sua mãe, que então se ressente da sua namorada, com medo de que se elar fica muito perto, vai sugar a sua vida, da mesma forma que a sua mãe.
Por outras palavras, são tantos os medos, complexos, expectativas e projecções que carregamos para outra pessoa, quando o amor começa a enraizar.
Ao que parece, o amor não é algo a ser aprendido. É algo que já temos presente em nós, e talvez ironicamente, é preciso desaprendê-lo para alcançá-lo. O objectivo? Tornar-se, no fundo, no ser humano limpo que já fomos um dia quando éramos uma criança.
E assim, ao contrário do que muitas pessoas passam a vida a acreditar, o amor não é encontrar a pessoa certa. O amor é tornar-se na pessoa certa.