Amor próprio é conseguir abrir mão de alguém que a gente ama mas que nos faz mal

É muito difícil termos a exata noção de quando estamos a começar a perder a nossa dignidade e integridade enquanto nos dedicamos a alguém, ainda mais quando parecemos estar a dedicar-nos muito mais do que a dedicação que recebemos em troca. Nem sempre a reciprocidade está equilibrada nas nossas relações, pois o outro tem a sua própria maneira de agir e de devolver o que recebe. Precisamos, portanto, ter cuidado para não nos esgotarmos em vão, para não nos esgotarmos com alguém que não merece.

Para que seja possível manter um relacionamento saudável, ambas as pessoas têm que se moldar uma à outra, ou não conseguirão conviver um com o outro. Ficar junto requer também abrir mão de algumas coisas, em favor de quem amamos. Mas não podes ser só tu fazendo isso. Tem de ser um esforço feito pelos dois. Infelizmente, algumas pessoas não conseguem abdicar de nada por ninguém, pois encontram-se centrados no seu próprio eu, nas próprias vontades, em estado de egoísmo puro.

Cabe a ti refletir e analisar o quanto tens de insistir para que alguém olhe para ti, para que alguém note a tua presença, para que alguém te dê um pingo de atenção. Quanto mais tiveres que insistir para que uma pessoa te note, menos te estarás a fortalecer enquanto pessoa, menos dignidade te sobrará. Quem te valoriza não precisa que tu chames pela sua atenção a todo o momento.

Se alguém te fizer sentir invisível, é chegada a hora de sair dali, para que possas conhecer alguém que reconhecerá e valorizará todo o teu esforço e dedicação, alguém que te apreciará por aquilo que tu és.

Tu só vais entender o significado de amor próprio quando tiveres que abrir mão de uma pessoa que amas, só pelo fato dela te fazer mal.

Nada cai no nosso colo do nada, ou seja, precisamos de nos esforçar para alcançarmos os nossos objetivos, porém, forçar situações apenas esgotará as nossas forças e, na maior parte das vezes, inutilmente. Lutar com dignidade, sim; insistir com mendicidade, nunca.

Texto de Marcel Camargo

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