As pessoas boas perdoam mil vezes, mas quando vão embora, nunca mais voltam.
Em um mundo cada vez mais distorcido nos seus valores e princípios, torna-se mais difícil saber em quem confiar, em quem depositar esperanças, uma vez que máscaras fazem parte da vestimenta de muita gente. E acabamos, muitas vezes, dando de cara contra o muro, simplesmente por julgarmos que os corações alheios são tão limpos e bondosos como os nossos. Infelizmente, ser bom demais se tornou perigoso.
Existe, no contexto de hoje, uma necessidade de se dar bem em todos os setores, mesmo que por meio de vantagens indevidas, de caminhos duvidosos, como se os fins justificassem quaisquer meios. Por esse motivo, muita gente considera que a lealdade e o comprometimento com o outro acabam por ser algo sem importância, pois o que importa mesmo é galgar os degraus da ascensão social, ascensão no trabalho, no emprego, na vida, o que torna as relações humanas cada vez mais frágeis e vazias.
Mesmo assim, muita gente ainda quer acreditar no ser humano, na amizade verdadeira, no amor, na afetividade sincera. Muita gente ainda persiste no propósito de ser feliz sem machucar ninguém, sem trair, sem maldizer, sem ferir o outro, colocando-se no lugar das pessoas com quem convive. E é assim que a gente se ferra, simplesmente porque várias pessoas acabarão confundindo nossa solicitude com servidão, abusando do que temos a oferecer.
Pessoas positivas e capazes de entender o outro acabam perdoando com mais facilidade, retomando o que havia com esperança renovada e acreditando na capacidade de o ser humano se reinventar e melhorar a cada dia, aprendendo com os próprios erros. No entanto, sempre haverá quem não valoriza o perdão que recebe, como se todos fossem obrigados a perdoar e perdoar sempre que ele vacile. Muitos não refletem e jamais mudarão, afinal, para eles, é o mundo que está errado, eles não.
Uma coisa é certa: não há quem abuse da bondade do outro pelo tempo que quiser, pois chega um momento em que as forças e a paciência acabam, ainda que haja amor, afetividade e carinho. As pessoas boas perdoam infinitas vezes, porém, quando desistem, acabam desistindo por completo. Quando isso acontece, então já era, não haverá mais volta, perdão ou chance alguma. Pelo menos isso.
Texto de Marcel Camargo