“Eu nunca te amei, idiota”. Foi o que eu disse para te deixar partir. Se tu soubesses, em algum momento, o quanto eu ainda te amava, terias ficado. E sido infeliz ao meu lado com um largo sorriso no rosto. O teu lugar era o mundo. O pouso, qualquer que fosse, seria o teu fim.
Se o teu sorriso me dá todas as respostas que sempre procurei, mas a tua vida ideal não está ao meu lado, convém que tu vás; se os teus olhos pequenos ainda são os que vejo quando fecho os meus, e se o teu sorriso tímido ainda faz com que a minha alma saia do corpo e viaje por outras dimensões, mas eu não me julgo capaz de te fazer feliz, então abrir a porta é a coisa mais decente que eu posso fazer.
Desculpa se precisei de te magoar. Dizer que o meu amor nunca foi teu, quando, meu Deus, na verdade sempre foi e ainda é. Desculpa se precisei fechar na tua cara as portas da minha vida para que tu visses que ainda há tanta vida lá fora – uma vida que ainda te fará sorrir quando eu estiver em crise.
Eu sempre te disse que não sou boa. E que não seria boa para ti. Eu contei-te acerca da minha indecisão e de como eu e a minha vida estávamos irritantemente instáveis neste momento. Eu sempre te disse que eu não sou boa, e tu quiseste ficar – talvez por amor ou (mais provavelmente) pela teimosia irracional de quem precisa pagar para ver. Eu não quero que tu pagues para ver porque, meu bem, o preço é alto.
Se fosse um outro qualquer, eu juro que deixaria. Sem aviso, inclusive. “Cada um se ocupa com as suas próprias feridas”, e, no fundo, eu nunca me importei tanto com isso. Mas tu – essa pessoa tão linda que tu és – não merece os meus desamores coloridos de carinho.
Tu sofrerás, como toda a gente na vida, mas não por mim. Talvez pelo meu adeus, mas isso passa depressa. E quando passar, o sol brilhará de novo e tu estarás livre. E há prova de amor mais genuína do que a liberdade embalada de presente para alguém?
Não cabe na minha vida um amor tão puro quanto o teu. Não agora. Não nesta altura, no meio de toda esta confusão. Mas há milhares de outras vidas que cabem na tua. Boa sorte, amor. O mundo é teu.
Texto de Nathalí Macedo