Às vezes as pessoas amam-se, mas não ficam juntas
Não basta amar para se ter a garantia de que os finais felizes virão. O amor requer cuidados, atenção, entregas e renúncias, o que nem todos estão dispostos a oferecer. A convivência diária é repleta de armadilhas e de desgastes que se avolumam, embaralhando os sentimentos de quem está mergulhado no compartilhamento de vidas.
Quando nos lançamos ao encontro do outro, temos que trazer para dentro das nossas vidas tudo o que o outro traz, tanto aquilo que nos satisfaz, quanto o que nos desagrada. Não existe nada que o passar do tempo não desmascara, não traz à tona, não torna claro.
A convivência diária acaba por nos obrigar a enfrentar tudo o que somos, o nosso melhor e o nosso pior, bem como o melhor e o pior da pessoa que está ao nosso lado. Caso um não preste atenção aos anseios e necessidades do outro, acabaremos por nos distanciar cada vez mais de quem amamos. O amor é troca, é ida com volta, é dar e receber, ou seja, não permanecerá onde não encontre contrapartida sincera, retorno de olhares, de toques, de sonhos.
Por isso é que muitas pessoas se separam, mesmo que ainda se amem. Não deixaram de se amar, mas pararam de prestar atenção nos olhos de quem se encontrava ali mesmo ao seu lado, deixaram de construir aqueles sonhos malucos, mas que são essenciais para a continuidade do desejo um pelo outro. E assim se perderam de si mesmo e do outro.
Portanto, é necessário que sejamos mais fortes do que a dureza do dia-a-dia, que vai desconstruindo os nossos sonhos e nos desviando da nossa busca pela felicidade junto de quem amamos. É triste não podermos caminhar de mãos dadas com quem amamos, mas ainda mais triste é ver o amor das nossas vidas afastar-se por conta de tudo o que deixamos de fazer.
Texto de Marcel Camargo