Carta para ler no altar.

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Eu ensaiei durante um tempo o que te quero dizer. Mas ao chegar perto de ti, sinto-me um menino. Ainda fazes as minhas pernas tremerem e, quando me beijas, o chão parece desaparecer debaixo dos meus pés.

Ainda é o teu nome que chamo antes de mergulhar na profundeza dos meus sonhos e também o primeiro pensamento ao amanhecer. Muitos podem achar que isso não é muito normal, mas não me importo, pois tu ensinaste-me que amar é bom.

Sabes, uma vez ouvi alguém dizer que casamento não é para qualquer um. Uma vez ouvi alguém dizer que casar é fazer caber na mesma casa duas pessoas e as suas malas. Não apenas as malas óbvias, concretas, de rodinhas, mas, sobretudo as malas velhas, o que cada um já viveu, o que traz dentro do coração e da mente e que, assim que casamos, precisam ser guardadas nos novos armários a serem construídos juntos. É diferente de namorar, quando deixamos as nossas malas bem guardadinhas e selecionamos as mudas de roupa mais bonitas para ir encontrar o outro. Casamento dá trabalho, porque vai sempre surgir uma roupa velha, um chinelo sujo, aquela calça rasgada que a gente insiste em não deitar fora… tudo isto vai aparecer quando as malas se juntam. Nem sempre estaremos com a melhor camisa nem o melhor vestido. Nem sempre o cabelo mais sedoso e a barba mais bem feita.

Mas quem foi que inventou que felicidade é isto? Felicidade é o contrário disto. É compreender – mas compreender mesmo, com unhas, dentes e as fibras mais profundas do coração – que tem alguém ali do nosso lado, tão importante quanto nós, com ideias tão relevantes quanto as nossas, com sentimentos tão profundos e legítimos quanto os nossos, que mais uma manhã abriu os olhos para nós e para este riquíssimo convívio que é casar. A pessoa, as suas malas e os seus conteúdos vão aos poucos se destapando, e juntos, vamos aprendendo – não sem antes errar muito! – a hora certa para cada coisa: cada gesto, cada pergunta, cada resposta, cada palavra, cada silêncio.

E por tudo o que me mostraste, por essa vida maravilhosa que prezo e quero, digo-te, como um viciado, que o ‘de vez em quando’ agora já não me basta. Preciso estar ao teu lado todos os dias, preciso de despertar ao teu lado. Todos os dias, todos os momentos ou até o mundo parar de girar.

Quando não estás, o sono desaparece, os segundos param, os dias não fluem, o sol não aquece e a lua só traz recordações, pareço mergulhar num estranho buraco negro, onde fico à espera que os teus olhos brilhantes me resgatem desse caos. O meu desejo é estar perto de ti, para cuidar, para te olhar, para te tocar, para te sentir e te mostrar o quanto tu podes fazer de bom na vida de alguém.

Queres ser a mulher da minha vida? Pois não consigo pensar em mais ninguém que possa ocupar esse fantástico papel, alguém para partilhar os meus dias e que eu possa cuidar, amar e estar por perto, não pelo simples desejo de estar, mas pela necessidade de ter uma companhia maravilhosa como a tua para o resto dos meus dias.

Obrigado por tudo. Aceitas casar comigo?

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