Depressão é aquela sensação de que nada ao teu redor tem graça

Depressão: para muitos, um sinal de fraqueza. Para outros: falta de fé. Para alguns, preguiça. E por aí segue a linha de rotulações e definições que jogam esse alguém ainda mais no fundo do poço do que propriamente ajudam.

Infelizmente vivemos numa sociedade que não compreende a depressão. Eu, há alguns anos, convivi com esse monstrinho que deixa o nosso mundo tão sem cor, sem vida e sem sentido.

Levantar pela manhã era um peso. Amanhecer e perceber que tu terás que enfrentar o dia, quando tudo está tão vazio e triste dentro de ti, é uma batalha. Para alguns isso é “falta de gratidão pela vida”. E sabes? Eu por muito tempo me culpei. Achava que eu estava desperdiçando o dom da vida e como isso me deixava ainda pior! Mas, depois de um tempo compreendi que a dor me incapacitava; não a dor física, mas a dor da alma.

Fazer as refeições também era difícil: Algumas vezes eu comia loucamente, outras vezes eu não conseguia comer nada. Ter que conviver com as pessoas me desgastava muito. Eu me sentia incomodada em todos os lugares que ia, não via o tempo passar, e tudo, literalmente tudo, era sem graça.

E novamente eu voltava para casa me achando um problema. Depois de algum tempo eu parei de sorrir e vestir uma máscara. Não era lá tão sociável e fui taxada de “chata”. Mal sabiam aquelas pessoas o quanto eu precisava ser forte para estar ali entre tanta gente.

Eu me sentia sozinha, mesmo na multidão. Eu não sentia que tinha espaço em lugar algum e na vida de ninguém. E então chegava a noite e dormir se tornou o meu refúgio. Assim, o tempo passava mais depressa e quem sabe amanhã essa dor já não passou? Mas, então, vinha a madrugada e, com ela, acordar com o peito angustiado. E novamente eu caía em lágrimas.

Ninguém quer se sentir assim. Ninguém gosta de sentir tanta tristeza ao ponto de se sentir impotente. Ninguém gosta de não ver graça na vida, nas coisas, nos amigos e nos lugares. Ninguém gosta de sentir que carrega um peso nas costas sempre que sai de casa. De se olhar no espelho e não contemplar a sua beleza. De não sentir vontade de se cuidar, de se amar, e só querer dormir para o tempo passar rápido e assim não sentir mais tanta dor, tanto choro, tanta angústia.

Eu lutei. Não foi fácil. Precisei reconhecer que eu necessitava de ajuda e que aquele monstro – a depressão – só ia me devorar aos poucos. Não foi do dia para a noite, mas aos poucos fui me reencontrando. Hoje entendo que tudo bem tu ficares triste. Tudo bem tu chorares e sentires. Dias ruins acontecem, problemas existem, mas há sim beleza na vida. Descobri que as coisas simples são as mais extraordinárias!

Isto não é um texto de superação. É um texto de desabafo e de reflexão. Muita gente precisa, sim, de ajuda e não sabe para onde correr. A incompreensão das pessoas faz com que muita gente esconda o que sente, por medo de julgamentos. Quem dera que todas as pessoas que convivem com esse monstrinho, diariamente, se conseguissem libertar dessa dor, quem dera que fosse tão simples como um resfriado em que a gente toma um cházinho e logo passa.

Ajudar alguém com depressão não é julgar a depressão como falta de religiosidade, de fé, ou qualquer coisa do tipo. Ajudar alguém com depressão é orientar essa pessoa a buscar ajuda, é apoiar, ouvir, compreender.

A empatia resolve muita coisa. Às vezes, tudo o que esse alguém precisa é de um espaço para poder falar, botar para fora o que sente, sem ninguém julgar ser mais ou menos. Então, ouça e ame. Sem julgamentos.

Por: Thamilly Rozendo

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