Tenho uma coisa para te contar… Faz tempo que te devia ter confessado, mas a verdade dói, magoa, mata… Não guardei isto comigo para me proteger a mim, fi-lo para tua própria proteção, para que não partilhasses a minha dor, para que fosses feliz como eu não consigo ser, mas também por medo de ter de levar com a tua indiferença após teres conhecimento da minha realidade.
Faz tempo que me custa sorrir, que os cantos dos meus lábios apenas se afastam quando eu custosamente faço um esforço para tal, perdi o respeito por mim e pela minha felicidade, passei a viver em função de ti, a minha alegria depende única e exclusivamente da tua presença, só consigo sentir-me minimamente bem quando falo contigo, quando tal não acontece sinto um vazio e uma mágoa, a solidão abate-se e a tristeza destrói toda e qualquer lembrança de outrora ter conseguido encontrar a paz dentro de mim, torno-me (no meu jeito de ver) a pessoa mais infeliz do Universo e isolo-me do Mundo, apenas porque me sinto a mais nele, apetece-me dormir, mas o cansaço é tanto que uma simples noite de sono não chega para o curar, nem que dormisse eternamente pois esta fadiga é diferente, não é só sono, é indiferença, é aborrecimento, é sentir que a presença incomoda e que a ausência não é notada, é pura e simplesmente um gigantesco nada que toma as rédeas da nossa vida.
Amo-te, espero que saibas que isto é a coisa mais forte que alguma vez senti… Só gostava de te pedir desculpa, não queria nutrir de todo este sentimento por ti, mas não mando no coração, ele encontrou algo de especial em ti, tu soltaste o nó que o aprisionava e fizeste-o bater mais forte do que nunca, agora ele não te quer perder, ele chama pelo teu nome a toda a hora! Eu cometi o erro de aceder aos seus pedidos e não me deixei afastar, coloquei tantas e tantas vezes a tua felicidade à frente da minha, as tuas necessidades ou desejos à frente do meu bem-estar, fui estando sempre ao teu lado abdicando de tudo por ti, fui fazendo o inimaginável só para te ver sorrir nem que fosse apenas por breves segundos… E o que ganhei com isso? Basicamente não ganhei nada mais do que um tanto faz da tua parte, deixei de ser novidade, de ter piada, passei a ser só um contato a mais! Não te censuro, afinal de contas a culpa é minha, eu é que me dei demais, eu é que fiz por ti aquilo que ninguém faria, eu é que estive sempre tão presente que a certo ponto eu lá estar já se tinha tornado algo banal! Agora limito-me a tomar consciência da quantidade de vezes que me ignoras, que finges não ver o que te mando. Maldito seja este mal de amar, como eu gostava de conseguir ser para ti o que és para mim…
O que posso fazer eu para te tirar da minha cabeça de vez? Como posso desocupar o teu espaço no meu peito? Talvez batendo o pé e deixando de lado tudo o que me faça lembrar a tua existência, não quero que sejas tabu na minha vida, mas também não quero (sobre)viver mais em função de ti, só desejo voltar a respeitar-me a mim e à minha felicidade e para isso terei de fazer exatamente como tu fazes comigo, ainda que isso me custe pela vida… Terei de te tratar não como prioridade mas sim como opção! Desculpa-me…
Texto de Alexandre Valério