Meu Deus, que parva que eu fui. Uma parva apaixonada, cegamente apaixonada. Fui alguém que nunca te abandonou. Eu fui o teu porto de abrigo, e tu foste aquele que me deixava várias vezes sozinha sem explicação quando te sentias o dono do mundo. Quando o teu mundo, esse onde nunca me incluíste, te desapontava, tu voltavas para mim. E eu… eu simplesmente te aceitava. Como se não existisse mais ninguém no mundo capaz de me completar como tu fazias. Ou… Será que tu sequer me completavas? Ou será que todo aquele amor que eu sentia me deixava completamente fraca ao ponto de eu necessitar de ti todos os dias? Ao ponto de te ver só a ti doentemente? Mesmo que por vezes tivesse consciência que estava a ser tão idiota.
É estranho… Sim, bastante. Passado tanto tempo ainda há algo teu em mim. E não sei o que é. Mas sei que não quero mais. Tantas vezes corri atrás de ti. Tanta humilhação, tanto sofrer. Será que algum dia tu me percebeste? Será que agora me percebes? Tu eras o meu homem. E conseguiste destruir todo aquele encanto, aquela sintonia de sentimentos profundos entranhados em mim, como se nunca mais me abandonassem.
Agora dei por mim a sorrir. Sorrir de alívio. Porque quando penso em ti, a única coisa que me ocorre é o passado. Não cabes num único segundo do meu presente ou futuro. E isso é muito importante. Porque descobri que o parvo afinal és tu. Deixei-me de culpas por te ter amado tanto. Afinal eu sou assim. Eu sou amor. E sabes que mais? Obrigada. Obrigada porque cresci. Porque não sou mais um brinquedo na tua mão. Porque da forma mais feia do amor, tu fizeste com que eu acordasse e percebesse quem realmente sou. E não sou mais a tua menina. Sou muito eu. Sou mais do que aquilo que tu mereces. Sou cheia de sonhos, sou sorrisos, sou força, sou verdade. E tu… Tu nunca viste isso em mim.
Não te odeio. Mas também não te amo mais. Guardo em mim toda a aprendizagem. Guardo o que é bom de guardar. Posso até acreditar que possa ainda sobrar amor nessa tua péssima forma de amar alguém, mas isso nunca traria de volta o encanto que já senti por ti. E o encanto quando desaparece… não há sentimento que sobreviva. Desejo-te o melhor do mundo. Mesmo que isso já te tenha escapado das mãos.
Até sempre…
Texto de Rafaela Couto