Fica com alguém que goste de ti assim e não queira mudar-te
Ama alguém que permita que tu sejas tu mesmo. Dos pés à cabeça, de corpo e alma, durante a vida inteira. Que não te proíba de ser feliz. Que não te faça de fantoche, que não viva de aparências. Que respeite as tuas crenças. Que te deixe fazer coisas bestas. Que te faça dar risadas do nada, daquelas gargalhadas de doer a barriga, de chorar de verdade. Alguém à frente do qual tu possas chorar sem medo e não precises esconder-te no banheiro. Que seja paciente com os obstáculos que houver no caminho. Que não ache ruim se tu errares o nome do parente e que ainda ache graça do teu jeito esquecido e estabanado. Que não te faça sentir culpado. Alguém que não te obrigue a vestir uma roupa menos ou mais ousada. Que não te julgue quando estiveres a morrer de fome e quiseres comer um hambúrguer às 2h da tarde ou à meia noite (quem disse que não se pode comer carbohidratos à noite?). Que não te ame só pelo que vê, mas também pelo que sente vindo de ti.
Alguém que permita que tu sejas imbecil e inteligente ao mesmo tempo – porque ninguém nasceu a saber tudo. Que se sinta em segurança quando está ao teu lado. Que te deixe dormir o dia inteiro, seja sábado, domingo, segunda ou sexta. Que consiga ver a tua beleza mesmo sem escovares o cabelo. Que segure a tua mão sempre, seja ao atravessar a rua, numa situação difícil ou no topo de um edifício. Que seja amigo dos teus amigos. Que não tente mudar os teus hábitos. Que escolha estar contigo, independentemente do dia, horário ou lugar. Que cuide de ti em qualquer circunstância e que não se importe em lavar a louça e pôr a mesa. Que aceite as diferenças e que com elas, cresça.
Fica com alguém que esteja disposto a aprender com os seus erros, e principalmente com os seus acertos. Que valorize o amor que tu tens pelos que te são próximos e que aprenda a amá-los como a sua própria família. Alguém que queira construir uma um dia. Que não ache ruim o teu jeito inocente e ingénuo de levar a vida. Que não critique o facto de tu acreditares nas pessoas e não veres maldade no mundo – afinal, ele já está podre demais e mais gente má só o tornaria pior ainda.
Ama alguém disposto a aceitar-te e que não queira mudar-te. Que não goste de brigar. Que prefira conversar. Que seja o teu melhor amigo, o teu companheiro, o teu conselheiro. O teu amante. A tua loucura e o teu juízo. Que veja beleza até nos teus defeitos. Que respeite os animais e a natureza. Que não faça juras de amor, se não puder cumpri-las. Que tenha atitude. Que queira envelhecer ao teu lado, sabendo que um dia tu ficarás gordo, enrugado e gago. Que te respeite. Que por ti faça o impossível. Porque no fim das contas, amar não é “eu vou fazer isso por ti porque eu sei que tu queres”, é “eu vou fazer isso por ti porque eu quero. Porque eu quero ver-te feliz. Porque eu também quero isso para mim”. O amor só é real se for compartilhado. Isso é a mais pura verdade.
Texto de Ana Paula Mattar