Disseste-me que querias fazer uma coisa, mas que não querias levar um estalo. Eu perguntei o que era e tu respondeste que terias de me mostrar. Disse-te, então, que só saberias a resposta quando fizesses a tal coisa que não me podias simplesmente contar. Abraçaste-me, e passados uns minutos (a ganhar coragem, talvez?) sussurraste “por favor não me dês um estalo” e beijaste-me. Numa altura em que não conseguia parar de pensar nem 1 segundo, fizeste-me desligar os pensamentos menos bons durante bem mais do que isso. Não, não me apaixonei assim que te vi. Não, não fiquei irracional após o primeiro beijo. Não, não quis namorar contigo depois de uns quantos excelentes encontros com uns quantos excelentes carinhos. Mas quis a tua companhia assim que ouvi a tua voz pela primeira vez ao telemóvel, quis a tua amizade assim que me fizeste rir até chorar na primeira vez que fui a tua casa, quis mais noites depois daquela primeira noite.
Sempre te disse que não sei o futuro e que na vida nada é absoluto, mas por agora só tenho a agradecer o facto de me fazeres ir dormir todas as noites com um sorriso na cara, e espero sinceramente que, se algum dia o amor acabar, prevaleçam a amizade e o respeito. És uma das melhores pessoas que conheci até hoje e, se pecas por algo, é por excesso de bondade e compreensão quando nem sempre os outros merecem, e isso inclui-me a mim própria. Tantas foram as vezes em que abri a porta por completo para que te fosses embora e tu preferiste ficar. Por isso, e por tantas outras razões, gostava imenso que ficasses para sempre na minha vida, seja de que forma for. Acima de tudo, quero que sejas incrivelmente feliz, porque um sorriso como o teu não serve para andar escondido. Se for eu a acordar essa felicidade em ti todas as manhãs, melhor ainda.
Foste tudo o que eu precisava quando quem tinha obrigação de o ser não foi, e deste-me tudo o que eu necessitava sem esperares algo em troca a não ser o meu sorriso, quando a quem eu já tinha dado tudo não me deu rigorosamente nada a não ser desilusão. Deixaste que fosse eu a ditar o tempo de cada passo, estiveste presente em todas as ocasiões em que te quis, e, sem querer, gostei de gostar de ti e quis-te mais do que ocasionalmente.
Texto de RS (dedicado a Gonçalo de Almeida)