Há pessoas ingratas…
Durante algum tempo, há pessoas que recebem de alguém tudo o que nunca tinham recebido de ninguém.
Amor verdadeiro. Tempo. Carinho. O estar sempre lá ao seu lado.
Mas, feitas parvas, acabam por perder o que jamais receberão novamente de alguém. Arrisco-me a dizer isso porque dificilmente conseguirão viver de novo algo assim tão intenso. Eu sei do que falo.
Elas provavelmente não vão reparar nisso por agora, eu sei… Até porque nem é do seu género, pois agora vão andar de conquista em conquista à procura de quem lhes possa preencher o seu vazio interior, mas dou-lhes uns tempos. Só uns tempos até perceberem o que realmente perderam.
Talvez essas pessoas não dêem o devido valor, porque não valem nem um terço do que valia a pessoa com quem estiveram, mas mais tarde ou mais cedo sempre vai surgir na sua cabeça um “ah, podia ter sido diferente e quem sabe não era aquela pessoa que me bastava?”
E para a sua pesada consciência, não vão obter resposta. E espero que consigam lidar com o egoísmo que tiveram ao ponto de perderem alguém que se importava realmente consigo. Isso é tão raro hoje em dia.
Aos que deram tudo de si a alguém ingrato, e depois viram o seu próprio chão ser-lhes retirado, desejo força. Não é fácil superar a ilusão que alguém nos deu, os planos que alguém nos prometeu e que não se esforçou minimamente sequer para os cumprir. Mesmo que nós imaginássemos que poderíamos sair magoados como saímos em tantas outras vezes anteriores, a verdade é que nunca esperamos um impacto e uma colisão tão forte com a realidade. E é triste deixarmo-nos marcar por alguém que não merece.
Mas é só uma questão de tempo.
Ninguém passa pela nossa vida por acaso. E se alguém não nos deu o que nós procurávamos, ensinou-nos do que é que nós precisávamos.
E se há no mundo quem nos pode fazer chorar, também há quem seja capaz de nos fazer sorrir. Se há quem nos pode fazer detestar, também há quem seja capaz de nos fazer amar. Se há quem nos pode tirar o sono para nos fazer chorar, também há quem seja capaz de nos tirar o sono para nos dar as estrelas.
Texto de Marina Fonseca