Mais macho que muito homem.
Eu não estou à procura de namorado. Já disse mil vezes que me dou muito bem com a minha própria companhia. Não tenho interesse em fazer o meu pretendente-médio-interessante subir para a posição de namorado. Namorar por conveniência é para os fracos. Para mim, não. Eu sou guerreira. Vou atrás do que quero e o que eu quero é um homem de verdade. Quero um homem que seja mais homem do que eu. Isso mesmo: um homem que seja mais homem do que eu.
Não é fácil ser homem, eu imagino. É esperado que vocês tenham um bom salário, que vocês paguem a conta, que vocês tomem a iniciativa, que vocês sejam altos, que vocês sejam fortes, e que vocês tenham também mais uma certa coisa (íntima) grande. E que mesmo assim se convençam de que tamanho não é documento. Eu sei. Não é nada fácil ser homem. Mas eu coloco o meu lado homem todos os dias em exercício. Troco pneu de carro, troco chuveiro elétrico, conserto descarga, conduzo por 600km sozinha. Desenrasco-me sem precisar da força de ninguém a não ser da força física. Sou mais homem do que quase todos os homens que já passaram pela minha vida. Sou homem de terminar um relacionamento com dignidade sem precisar de dar motivos toscos para a outra parte sair fora. Sou homem na hora de assumir o que eu quero sem precisar manter relacionamentos paralelos para massagear o meu ego. Sou homem na hora de ter uma conversa séria ao invés de gritos e acusações. Sou homem do começo ao fim de um relacionamento. Ou, como diz o povo: sou mais macho que muito homem.
Mau é ver um homem que não honra as próprias calças, como dizia o meu avô. Que precisa trair ou magoar alguém para fazer essa pessoa ir embora ao invés de simplesmente dizer adeus. Mau é ver um homem que mente descaradamente e se faz de bom moço. Mau é ver um homem que acha que é melhor do que a mulher porque tem um salário maior. Mau é ver um homem que proíbe a mulher de usar saia curta ou qualquer coisa que a deixe sexy, enquanto compra revista de mulheres nuas para ver exatamente aquilo que ele faz a mulher esconder. Mau é ver um homem que proíbe a mulher de ter amigos enquanto ele tenta conquistar até a moça do café no trabalho. Mau é ver um homem que corta a Internet da mulher enquanto ele adiciona as vizinhas nas redes sociais. Isso para mim é, como eu ia dizendo, não honrar as próprias calças. Isso para mim é falta de hombridade. Falta de ser homem de verdade mesmo. E esse tipo é o que mais tem por aí.
Mas o homem que eu quero não tem nada a ver com isso. O homem que eu quero precisa invadir a minha vida de um jeito que nenhum homem fez ainda. O homem que eu estou à procura precisa ser capaz de trocar não só o pneu do carro, mas todos os conceitos machistas arraigados por uma visão mais atual dos relacionamentos. O homem que eu estou à procura precisa mais do que conduzir um carro por longos quilómetros de estrada, precisa saber conduzir um relacionamento por alguns períodos intempestuosos. O homem que me atrai não precisa pegar duzentos quilos na academia, mas precisa saber segurar uma barra quando nem tudo forem flores. Porque, para mim, ser homem não é uma questão de sexo apenas. É uma questão de atitude diante das situações mais adversas. E esse homem que eu quero precisa ser homem de verdade. Precisa ser mais homem do que eu. Porque eu sou muito homem.
Texto de Brena Braz