Não, eu não quis esperar pelo segundo encontro.
Precipitada? Um pouco. Mas eu tentei…
Até ao último minuto.
Mas porquê resistir à tentação? Vá-se lá saber.
Eu não sabia quando te veria de novo. Era tudo tão deliciosamente incerto, sem planeamento. Não podia arrepender-me profundamente de algo que perdi pelo simples medo de parecer oferecida. O psicólogo diz que tenho complexo de ansiedade generalizado.
Discordo, tenho apenas uma extrema urgência de viver.
Eu não pude esperar até à próxima vez. Nem era pelo “Carpe Diem” nem pelo medo de um meteoro intergaláctico atingir inesperadamente a Terra e eu nunca mais te ver, era simplesmente uma vontade inexorável de ser tua naquela noite, sobre os lençóis amassados. Tal vontade deixava-me com um sorriso malicioso no canto da boca, difícil de disfarçar.
Não, não deu para esperar!
Quando dei por mim, estava atirada na tua cama, que dava uma excelente visão para a Lua, que, agradecida, iluminava com a sua prateada essência aquele fogo ardente que éramos nós.
Havia no ar a essência de uma flor qualquer a queimar, vinho tinto que se instalava no sangue, e as tuas mãos de pintor a percorrer todas as minhas paisagens corporais, florestas e povoados. Em êxtase, eu percorria todos os teus caminhos, com dedos e língua, ao som da melodia dos teus gemidos.
Porque haveria eu de esperar para degustar o teu suave sabor? Porque, se alguém descobrisse, teria que ouvir todo aquele discurso chato?
Talvez. Mas para antecipar, deixo já claro que o meu valor está dentro das atitudes que promovo para a minha alegria, prazer e bem-estar. O meu valor só interessa a mim. É o meu corpo, a minha propriedade, que eu uso como bem entender.
E não está à venda!
Por isso eu não quis esperar para ter-te encostado a mim. Para ouvir o teu sussurro ofegante a dizer-me as mais belas e marotas palavras, enquanto os olhos viravam.
Não teve como evitar, os meus olhos ficaram presos no teu corpo. E que bom que foi assim, pois acabei por descobrir outras maravilhosas qualidades tuas.
É urgência de viver, entendes?
E, de vez em quando, a gente diminui ou aumenta a velocidade da vida…
E não, não vou esperar pelo próximo encontro para estar completamente louca por ti.
Texto de Paula Valentine