Quando escuto uma mulher dizer que “todos os homens são iguais”, dá-me muito que pensar em que se baseia para fazer tal afirmação. Será que realmente os conhece a todos? É que, se não for o caso, porquê generalizar de tal maneira? O certo é que todos os homens buscam sexo, mas nem todos buscam só isso. Esse é um impulso primitivo e biológico do ser humano, e especialmente dos homens. Para além disso, não sejamos tontos, as mulheres também o procuram.
Pois bem, o que quero dizer é que nem todos os homens são iguais, talvez algumas mulheres os vejam assim porque têm um ressentimento generalizado. Talvez porque os homens que já passaram pelas suas vidas foram todos idênticos uns aos outros… e isso talvez tenha acontecido porque elas sempre procuraram o mesmo tipo de homem, elas os escolheram assim.
O amor, ao contrário do que pensa a maioria, não é só uma coisa de mulheres. Ainda que pareça mentira, no século XXI ainda existem homens de carne e osso que amam, que sofrem, que choram, que se decepcionam, mas sobretudo, que querem ser amados. E eu conheço vários. Porque já os vi amar como poucas pessoas já o fizeram.
Sim, é verdade, eles procuram esconder e aparentar que não sofrem de inseguranças, complexos ou medos, e asseguram que não guardam segredos. Mas… por acaso eles não são seres humanos iguais aos outros? A eles foi-lhes obrigado (pelo menos moral e socialmente) a nunca mostrar sentimentos “débeis” ou negativos. Porque se o fizessem não seriam homens de verdade.
Mas não nos enganemos, os homens também têm medos, angústias, momentos alegres e tristes (não há que generalizar, os estereótipos são aberrantes para qualquer sexo). Também choram, também lhes doem algumas coisas… eles simplesmente preferem retirar-se para chorar e muitas vezes fazem-no de noite. Há homens que reprimem tanto o seu choro que matam a sua sensibilidade, tornando-se frios, secos. Passam a demonstrar a tristeza de formas diferentes das que se podia esperar.
Há homens que precisam de amor e põem amor em tudo o que fazem. Há homens que se sentem apaixonados e se enamoram num instante. Há homens que se angustiam enquanto esperam uma resposta. Há homens que se reservam para uma mulher especial e homens a quem lhes rompem o coração. Há homens que choram e que não esquecem apesar do tempo e da distância. Há homens que são utilizados por algumas mulheres e, inclusivamente, desprezados. Há homens que fazem as mulheres questionarem-se acerca do significado do amor. E homens que acreditam no amor dividido, o do corpo e o da alma.
Há homens que veneram as suas mães e a elas se confessam. Há homens que escrevem poemas. Há homens que ficam emocionados ao ver que outros se amam. Há homens que não se conformam com a intimidade, que se sentem vazios e necessitam de algo mais. Há homens que amam em silêncio. Há homens que são felizes quando a sua companheira também o é. Há homens dispostos a esperar mais de cinquenta anos pelo amor da sua vida.
Há homens que não procuram numa mulher só uma noite de prazer, procuram uma noite para querer, para amar, interessa-lhes algo puro e verdadeiro. Há homens que sabem tratar e sobretudo respeitar uma mulher, sabem dar sentido ao amor, inclusivamente deixam de fazer algumas coisas para colocarem a mulher que amam em primeiro lugar na sua vida. Há homens que sabem ver além do físico, que sabem o que é ternura e corações sinceros, que sabem ser vulneráveis e entregar a sua alma, homens que também tornam sua a dor da sua mulher. Há homens que conhecem uma dessas mulheres com o coração quebrado e recompõem-no – ou tentam recompô-lo – com a sua dedicação, com os seus mimos e um amor infinito.
Talvez nem todos os homens sejam assim tão sensíveis, mas muitos confessam que amam os abraços fortes e os beijos com ternura. Abraçar a sua companheira no escuro enquanto ouvem uma boa música de fundo também lhes agrada. Também gostam de abraçar uma mulher na cama ou no sofá, porque sabem que isso a faz sentir mais segura.
Costuma dizer-se que os homens têm uma facilidade digna de estudo científico para reconstruir as suas vidas ou demonstrar o quão bem estão sem a sua antiga companheira depois de terminar a relação, mas não é bem assim, para eles não é assim tão fácil recuperar de uma desilusão, eles podem estar a cair num grande sofrimento, só que são mais razoáveis e objectivos a lidar com ele.
Por fim, os homens também sentem e se expressam. Talvez não como as mulheres nem como à primeira vista deveria ser expressa uma emoção. Mas eles fazem-no. Mulheres, se não estão dispostas a ver um homem para além do que a sociedade ou do que as vossas más decisões e escolhas vos dizem, então não exijam homens sensíveis. Eles também querem ser apoiados, também querem que alguém os entenda, os compreenda e, porque não, que alguém também seque as suas lágrimas. Agora, se estás numa relação com uma autêntica pedra, que diabos estás a fazer aí?
Convido-vos à reflexão, se realmente vale a pena reprimir e matar essa parte tão bonita que é a sensibilidade e a expressão das emoções masculinas. Não quero dizer que os homens sejam perfeitos (na verdade, já conheci cada cabrão), eles também cometem erros (e muitíssimos) em matéria amorosa, às vezes são frios e calculistas. Outras vezes são intensos e românticos. Mas, sobretudo, eles amam, e amam até à dor mais terrível.
Então, da próxima vez que digam que os homens são todos iguais, é melhor dizerem:
“não, nem todos são iguais, eu é que procuro sempre o mesmo tipo”
Texto de Karla Galleta (tradução)