As pessoas costumam nos julgar, muitas vezes de maneira cruel e injusta, somente com base naquilo que veem de nós, mesmo que não nos conheçam o suficiente. Tiram conclusões precipitadas, se esquecem de dar tempo ao tempo, para que nos possam conhecer de verdade.
Todos nós passamos por muita coisa antes de chegarmos onde estamos, ou seja, o que somos carrega uma carga emocional e física imensa, que nos moldou e nos tornou o que somos hoje em dia. A gente vai-se transformando ao longo de cada dia, todos os dias, aprendendo a conviver com as bagagens boas e ruins, adequando-nos ao que a vida nos apresenta – e nem sempre ela é gentil.
Por essa razão, nem sempre deveríamos criticar as pessoas pelo seu jeito de ser, pois todas elas estão a tentar sobreviver, a enfrentar batalhas, dentro de si, que nem imaginamos. E, quando se trata das pessoas próximas de nós, que conhecemos de perto, será preciso prestar atenção aos sinais que o seu comportamento nos envia a todo o momento. Caso contrário, não conseguiremos responder aos pedidos, não nos ajustaremos às mudanças e assim perderemos quem não deveria afastar-se de nós.
Precisamos, sobretudo, entender o silêncio demorado de quem caminha ao nosso lado, lendo as entrelinhas daquilo que não mais retorna, percebendo a tristeza no fundo dos olhos, as mudanças mínimas que nos indicam que algo não vai bem. Infelizmente, a maioria de nós só percebe a frieza cansada de alguém quando o abismo emocional já se encontra praticamente irreversível. Então já nada mais importará. Então será tarde demais.
Conviver requer prestar atenção, cuidar, regar, importar-se. Se nos esquecermos disso, ficaremos sempre a perder, pois as pessoas simplesmente se cansam de ser boazinhas e compreensivas além da conta, além do que o coração é capaz de suportar. As pessoas se cansam e pronto. Fim.
Texto de Marcel Camargo