Ninguém vale a pena se a gente tem que insistir demasiado
O mundo é tão grande e há tanto para se conhecer. Diante de tantas possibilidades e opções, é um desperdício – e uma afronta às oportunidades da vida – gastar tanta energia para tentar ficar ao lado de alguém que já mostrou que não nos quer.
Por mais que a gente se queira enganar a nós mesmos, uma hora ou outra a verdade chega feito furacão. Provoca uma bagunça no peito, leva muita coisa embora; mas fugir e fingir que não foi nada não é a solução. Em algum momento vamos ter que olhar em volta, ver o tamanho do estrago e começar a colocar tudo no lugar.
Num amor não correspondido as tentativas só vêm de um lado e o outro é sempre o primeiro a querer descer do carro. E do que adianta trancar as portas e fazer a outra pessoa ficar lá dentro, uma vez que ela já tomou a sua decisão? Tu podes tentar ligar o rádio, colocar aquela música que a pessoa gosta, contar uma história para prender a atenção, mas é passageiro. É só um alívio momentâneo olhar para o lado e ver que a pessoa continua ali. Porém, os dois sabem que a viagem tem que terminar, vão acabar por chegar no final do caminho e não há distração o suficiente para manter alguém que já fez as malas.
Deixa ir. Há tanta gente disposta a entrar no carro contigo e viajar ao teu lado.
Não importa o quanto a gente acha que alguém é incrível, porque no final do dia, o mais incrível vai ser fechar os olhos e conseguir sentir-se em paz. É revigorante livrar-se da sensação de batalha diária. Ninguém vale a pena se tira o teu sossego. É difícil aceitar que não conseguimos fazer morada no peito de alguém, mas não é à força que vamos entrar lá. Se não foi, não foi. Olha para a frente, percorre o teu próprio caminho antes que estejas preso em tentativas falhas de cativar alguém.
Por mais que a gente queira muito que dê certo, às vezes pode não ser o suficiente. O outro também tem que querer. Porque o amor é essa constante renovação, todo o dia se reinventa e está pronto para aguentar o que vier. Mas amar por dois não é amor, é tortura. E essa insistência em fazer acontecer é um pulo do abismo. Não compensa o esforço, deixa ir.
Texto de Najara Gomes