O amor é um terreno frágil, que não pode ser pisado de qualquer forma. Requer respeito.
Há que se ter cuidado com o coração do outro. Não devemos chegar perto do outro e dizer que viemos para somar quando na verdade o que a gente quer é sumir. Não devemos corresponder se o que a gente deseja é se esconder mais tarde. Não devemos nos aproximar para amar se no fundo a gente quer é abandonar.
O amor precisa de clareza. De gestos delicados que demonstram a verdade do que sentimos e de certezas que evidenciam se é mesmo para valer.
Ninguém está livre de se apaixonar e não ser correspondido. Porém, muitas vezes, as nossas vidas são tocadas por pessoas com a simples intenção de despertar sentimentos, e não de fazer valer a pena.
O mundo está cheio de gente confusa. Gente que diz que ama mas prefere ficar sozinha. Gente que num dia te manda flores e no outro não responde às tuas mensagens. Gente que tira a tua paz e não se importa com a falta que faz. Gente que alimenta desejos e esperanças com falsos juramentos. Gente que brinca com os sentimentos verdadeiros dos outros.
Não há nada que se compare com um coração em compasso de espera. Um coração que só consegue ver pontos de interrogação e não encontra coerência nas peças soltas da sua história. Fica tudo a parecer um enorme quebra cabeças cujas peças não se encaixam, uma história confusa onde não há lógica entre o que foi dito e o que foi realizado. Fica a faltar nexo.
É preciso que sejamos claros e cuidadosos. Claros no querer ou não querer, no amar ou não amar, no ficar ou se afastar. Cuidadosos ao tocar uma vida, cuidadosos ao demonstrar o que sentimos, cuidadosos ao soprar esperança num coração.
E que não nos falte reciprocidade, pois o bom da vida é amar e ser amado, e não brincar de esconde esconde, pega pega ou cabo de guerra. O bom da vida é viver com transparência, e não ter dúvidas diante de um quebra cabeças sem coerência. O bom da vida é encontrar quem tenha a certeza a nosso respeito, e não nos obrigue a viver cheios de suposições. O bom da vida é querer e ser querido, sem jogos de adivinhações.
Texto de Fabíola Simões