Nunca te sintas mal por teres feito o que era certo
Não te sintas mal por teres alertado o amigo sobre as atitudes que fazem dele uma pessoa pior, por teres colocado limites ao colega de trabalho, por teres falado aquilo que pedia o teu coração, por teres dito “eu te amo” todos os dias em que tu e alguém estiveram juntos. Jamais.
Num mundo de aparências, amizades frágeis e amores fracos, ser verdadeiro tornou-se quase que uma ofensa. Ou andamos de acordo com a onda, subjugando-nos ao que a maioria dita como normal, ou sofremos a incompreensão, muitas vezes violenta, de muitos. Haja o que houver, não te culpes por dizeres a verdade.
Não te sintas mal por teres alertado o amigo sobre as atitudes que fazem dele uma pessoa pior, chamando à realidade para o seu comportamento. Amigos não servem apenas para beber cerveja, mas também para ajudarem-se enquanto seres humanos decentes.
Não te sintas mal por teres colocado limites ao colega de trabalho quanto às atitudes dele que te desagradam, quanto à necessidade de haver limites de tolerância, para que tu não te sintas prejudicado. Sempre existirá quem queira puxar o tapete do outro, de forma a tentar sobressair às custas das falhas alheias, em vez de se destacar pelo que se é. Sim, a estes deve ficar claro os nossos limites de paciência.
Não te sintas mal por teres dito aquilo que pedia o teu coração, mesmo que tenha sido um tanto quanto antipático, desde que não tenha sido grosseiro – podemos ser firmes sem ofender, sim. Engolir sempre acaba por nos forçar a cuspir fogo na hora errada e com quem não merece.
Não te sintas mal por teres dito “eu te amo” todos os dias em que estiveram juntos, por teres amado com todas as tuas forças, pela entrega inteira, total, integral, pelo mergulho no mar de sentimentos que invadia a tua essência enquanto construías o vosso relacionamento, por teres desejado invadir a afetividade de quem tu amavas acima de tudo. Errado não é lançar-se por completo e insistentemente ao encontro de quem faz o nosso coração vibrar, mas sim fugir covardemente de alguém por medo do não, da dor, do medo do amor.
Todos sabemos – de tanto ouvir e ler sobre isso – o quanto a verdade é capaz de harmonizar, de acalmar, de elucidar, de fortalecer. Tudo o que possamos perder por termos sido verdadeiros, foi embora como bênção, como livramento. Porque o que nos alimenta a esperança e a alma será sempre aquilo que vier de forma transparente. O resto, dispensa-se por si só.
Texto de Marcel Camargo