O dinheiro não corrompe ninguém. Só piora quem já é mau e melhora quem é bom.

Ahh… como é fácil jogar a culpa no dinheiro, não é? “Maldito vil metal!”, repetem aqui e ali. Segundo essa lógica infantilóide, superficial e fantasiosa, a vida só vai entrar nos eixos quando todo o dinheiro desaparecer do mundo.

A corrupção na política? “Só existe por conta dos grandes interesses financeiros!”

O casal que se divorcia e começa a brigar de verdade na hora de dividir os bens? “É porque são ricos. Se fossem pobres, separavam e pronto!”

Os velhos amigos que rompem uma parceria comercial? “É porque começou a entrar dinheiro. Maldito dinheiro!”

Quanta balela! Será mesmo assim? Será verdade que o dinheiro nos transforma sempre para o mal? Será verdade que todos somos corruptos e só nos falta uma oportunidade para enriquecer de forma ilícita? Será mesmo que uma herança é capaz de separar irmãos? Terá a primeira mala cheia de dólares que apareça à nossa frente o poder de nos tornar meros monstros egoístas?

Ou será que toda essa maldade já estava ali, predisposta, esperando a sua chance de se revelar e o dinheiro era só o motivo que faltava?

Não sei. Mas eu tenho para mim que ninguém vira um canalha porque ganhou muito dinheiro. Não é verdade que o fulano se perdeu na vida porque ficou rico, que sicrana se tornou má pessoa depois de casar com um milionário e que beltrano maltrata os empregados porque é cheio da grana. Fulano, sicrana e beltrano serão ruins com ou sem uma fortuna no banco. O que se passa é que com dinheiro fica mais fácil ser e mostrar o que a gente é na realidade: patife ou benfeitor.

Dinheiro e gente imbecil fazem uma combinação perigosa. Se o sujeito é sórdido, descarado, perverso, ter recursos financeiros só o torna mais calhorda ainda. Porque dinheiro é um negócio muito simples: piora quem já é mau e melhora quem é bom.

Cheio da grana, quem é mau fica péssimo e quem é bom fica ótimo!

Alguém com dinheiro no bolso mas sem vergonha na cara é a pior pobreza que existe. Quem tem saldo bancário mas não conhece outros valores não vale nada. É tão simples!

Por outro lado, riqueza nas mãos de gente boa é o melhor negócio do mundo. Ajuda a concretizar grandes ideias, realiza projetos, multiplica recursos, divide com quem precisa! Dinheiro e gente decente é uma mistura poderosa. Uma das únicas capazes de transformar esse mundo tão dominado por seres mesquinhos que concentram tanta riqueza para si mesmos.

Não, o dinheiro não corrompe ninguém. Quem se deixa estragar por ele já estava perdido. E quem tem bom coração melhora mais ainda quando enriquece.

Texto de André J. Gomes

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