Por tua causa eu soltei muitas lágrimas e odiei a vida por um tempo. Eu chorei por vários dias e noites seguidas. Deixei de comer, deixei de sair, perdi a vaidade. Eu já não era mais a mesma pessoa, que fazia piadas e brincava com tudo. As pessoas ao meu redor estranharam-me, eu não era mais a mesma pessoa. Cansei de ouvir os outros a dizerem-me a famosa frase “Deixa para lá, há gente que não te merece”, mas eu queria que tu me merecesses nem que para isso eu precisasse de me diminuir.
Com o passar do tempo eu descobri a estupidez que eu estava a fazer, valorizando alguém que não via nenhum valor em mim. Foi triste para mim só perceber isso depois de tanto tempo, eu senti-me a pessoa mais idiota da face da terra, porque toda a gente já tinha percebido, toda a gente já sabia, menos eu. Eu que acreditei que ainda poderia esperar algo bom vindo de ti.
Falava de ti para os quatro cantos do mundo e revoltava-me quando as pessoas me olhavam com aquela cara de dó, porque já sabiam o desfecho da história. Revoltava-me mais ainda quando alguém tentava me alertar e te ofendia, quando alguém me dizia que eu merecia coisa melhor, eu não aceitava que alguém ousasse falar mal de ti.
Todos me avisaram, até tu quando dizias que eu merecia mais. O problema é que eu nunca li nas entrelinhas, onde dizia que tu não gostavas de mim, e nunca irias gostar, que só me irias procurar quando estivesses sem companhia, carente, ou quando não tivesses nada de melhor para fazer. Por isso, sem prestar atenção nesses detalhes, eu assinei o contrato concordando com o termo que autorizava que tu me causasses sofrimento.
Eu achei que não superaria essa dor, cheguei a culpar-me por me ter deixado cegar pelo amor que sentia por ti, mas nesses momentos eu lembrava-me que por diversas vezes eu tentei-me afastar e tu te reaproximavas sorrateiramente, e que chegavas a dizer que sentias saudades, que até gostavas de mim. Se isso não é iludir, eu não sei o que é.
Então, quando eu finalmente me convenci que tu sabias do sofrimento que me causavas, eu parei de me culpar, parei de me sentir a pior pessoa do mundo, parei de alimentar a minha própria dor. Eu percebi que eu não tinha culpa, eu apenas confiei que tu não serias capaz de ser tão cruel comigo, mesmo com tanto descaso que tu fazias e eu fingia não ver. Eu apenas apostei na pessoa errada, apenas vi bondade demais no teu olhar, mas paciência… acontece.
Comecei a olhar-me no espelho e percebi que eu não merecia tanto sofrimento, percebi que eu não poderia parar a minha vida por alguém que nem se importaria se eu morresse amanhã, e comecei a me reerguer, saí do fundo do poço de onde tu me deixaste e voltei a viver a minha vida. Livrei-me de tudo o que me poderia fazer lembrar de ti. Apaguei as mensagens, fotos, áudios, e o teu número da minha agenda.
Assim como os dias foram passando, a dor também foi, e eu percebi que realmente era verdade, eu mereço mais, bem mais. Obrigada por me fazeres perceber o valor que eu tenho, o quanto eu mereço alguém melhor do que tu, que se importe comigo de verdade, e obrigada por me mostrares que eu não devo depositar a minha confiança em qualquer pessoa, a partir de agora eu vou prestar bastante atenção nas entrelinhas.
Obrigada por me fazeres mais forte!
Texto de Sheila Rodriguez