Perdoar é uma coisa. Conviver com quem foi perdoado é outra completamente diferente
Eu não alimento rancores por sentimentos feridos, confianças quebradas ou corações partidos.
É indiscutivelmente libertador aprender a perdoar. E nem tem nada a ver com ser altruísta ou nobre. Nada disso! Perdoar até pode ser considerada uma das coisas mais egoístas que existem! Não faz sentido?! Pensa nisto só um instantinho.
Enquanto a gente não perdoa, a pessoa que nos feriu, magoou ou destruiu, continua a morar dentro de nós. Essa criatura infeliz continua a ocupar o nosso tempo em pensamentos que surgem em qualquer ocasião ou momento.
Não perdoar é uma tremenda cilada. Enquanto não perdoamos, o maior prisioneiro somos nós. Não perdoar é uma das mais poderosas formas de dar ao outro o poder de controlar as nossas emoções. O não perdoado vira quase uma obsessão, um peso no coração.
Ahhhh… Mas eu concordo contigo… Há coisas que são realmente quase impossíveis de perdoar. Maldades explícitas e implícitas que roubaram de nós a dignidade ou a vontade de viver. Atitudes traiçoeiras, capazes de nos fazer duvidar da própria inteligência e percepção da realidade. Comportamentos depreciativos que nos deixaram com uma sensação de falta de valor. Tudo isso é muito doloroso, e desnecessário, e destrutivo.
Quando alguém pisa na bola, comete um grande ou pequeno erro, mas é capaz de admitir que errou e fazer alguma coisa – qualquer coisa – para reparar ou, pelo menos, demonstrar ao outro que percebeu o erro, ainda há alguma chance de diálogo, ou de escuta. Ótimo!
Duro mesmo é quando a criatura fez, pisou, aprontou, sapateou e saiu assobiando, com cara de paisagem. Aí, não há paciência. Sem contar aquelas “peças raras” que, além de nos ferir, ainda dão um jeitinho de virar a história e sair no papel de vítima.
A questão é que o verdadeiro sacana, deixa mortos e feridos e não olha para trás. Nem lembra que a gente existe. Então, afinal de contas, qual é a lógica de oferecermos a essa espécie de indivíduo a nossa valiosa energia?
Eu perdoo toda a gente, sem qualquer distinção. Todas as pessoas que me magoaram obtêm de mim o meu esquecimento. Porque perdoar é libertar-se, e enquanto não perdoamos, o maior prisioneiro somos nós. Então perdoa, perdoa tudo! Mas deixa bem claro à pessoa que foi perdoada que perdoar é uma coisa, conviver com quem foi perdoado é outra completamente diferente.
Texto de Ana Macarini