Renascer.

Hoje já não sou tão feliz como fui outrora. A alegria que me preenchia desfez-se e foi levada pelo vento para um lugar incerto. Tento achá-la, mas sinto-me num labirinto interminável, quanto mais procuro mais me perco e em cada beco vai ficando um pouco da vivacidade que me resta.

Não estou triste, mas também não me sinto feliz, acho que estou num estado de incerteza ou de indiferença. Sinto que tudo em mim está a desaparecer lentamente, tudo o que me resta vai-se decompondo em poeira e vagueia como uma leve brisa.

A felicidade fugiu de mim e, agora, até eu quero fugir de mim próprio. Aliás, de que nos serve viver num corpo morto de espírito e de emoções. Eu estou cansado de viver assim, preciso de me sentir vivo outra vez.

Às vezes precisamos de bater no fundo para percebermos que estamos a nadar na direção errada. Temos de encontrar o nosso rumo e deixar de andar à deriva. Viver só por viver é cansativo e angustiante.

Mas, já chega, basta!

Vou sair deste pedaço de carne e de ossos, vou libertar a minha alma para que esta possa encontrar o que perdeu. A minha alegria anda por aí e eu vou voltar a tê-la, porque sem ela a vida resume-se a uma insignificante existência e só nos resta um vazio neste miserável corpo.

Vou sair desta pele cheia de feridas que nunca chegaram a sarar e de cicatrizes que nunca chegaram a desaparecer. Vou-me libertar do que me faz mal, das coisas que me prendem ao passado, pois às vezes é necessário ”morrer” para se poder renascer.

Texto de Ana M.

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