Se tu desejas algo, deixa-o voar!
Se tu queres apanhar uma borboleta, quanto mais a perseguires, mais ela irá escapar das tuas mãos; em contrapartida, se tu a deixares livre, ela pode pousar naturalmente no teu ombro. Se aplicarmos esta frase tão famosa à vida real, poderíamos compará-la às pessoas com tendência a pressionar os outros.
Quem persegue e pressiona muito costuma fazer com que as pessoas ao seu redor se afastem. Para comprovar este efeito, pensa se tu já tiveste alguma vez um amigo ou conhecido que te pressionasse de forma exagerada e, por isso, tu preferiste perder o contacto com ele(a).
Como regra geral, não gostamos de nos sentir obrigados a nada. Quando algo nos interessa, nós, por conta própria, vamos atrás. Insistir muito, seja no campo da amizade ou do relacionamento amoroso, frequentemente acaba por levar as pessoas a quererem afastar-se.
Por exemplo, imaginemos ter um amigo com o qual costumamos ter contacto frequentemente, mas por uma situação de muito trabalho, falta de tempo ou necessidade de individualidade, já não temos vontade de encontrá-lo. É nesses momentos que nos damos conta do tipo de pessoa com a qual estamos a relacionar-nos.
Personalidade saudável e madura
Se tu deixas de contactar alguém de quem gostas, este poderá insistir em retomar o contacto, mas de uma forma que não restrinja a tua liberdade. Uma maneira saudável de agir seria fazendo comentários do tipo: “O que achas de tentarmos encontrar-nos qualquer dia, já que faz algum tempo que não nos falamos?”, “Espero que tu estejas bem. Vamos tentar conversar qualquer dia, sinto saudades”, “Como tu estás? Podemos marcar um café quando tu puderes”.
Esta forma de falar demonstra vontade de querer retomar o contacto, mas sem pressões ou vitimismo. Se não houver resposta da outra parte, a pessoa deveria deixar a outra “voar”, pois está claro que, pelo motivo que seja, não há vontade ou tempo para retomar o contacto. Quando uma personalidade saudável deseja contactar alguém e se dá conta de que não há correspondência, ela afasta-se sem pressões ou aborrecimentos.
Respeitar a liberdade dos demais
Exemplos de frases que poderiam ser ditas por alguém que não respeita a nossa liberdade, com a qual decidimos não manter contacto:
“Porque é que tu não me escreves mais? Está chateado/a?”, “Faz tempo que não sei nada sobre ti, não sei o que te fiz, mas tu estás a fazer-me muito mal”, “Faz muito tempo que estou a tentar marcar algo, mas tu estás sempre a esquivar-te”, “O que está a acontecer?”, “Não entendo esta atitude de me ignorar, temos que conversar urgentemente sobre isso”.
Dar a entender que existe um mal estar, cobrar explicações e insistir para conversar com urgência são pressões para tentar fazer o outro sentir-se culpado quando, na realidade, os motivos pelos quais alguém deixa de manter contacto podem ser múltiplos. Por isso, tirar conclusões precipitadas e pressionar não costuma dar bons resultados.
Pressionar causa um efeito negativo
Pressionar não segura ninguém, e inclusive pode fazer com que a pessoa queira se distanciar por ter uma sensação de perda de liberdade. Em contrapartida, aceitar a situação pode fazer com que a pessoa que se distancia volte quando tiver vontade.
É o exemplo dos bons amigos que nem sempre têm um contacto muito frequente, mas que mantêm a amizade sem pressões e aceitam o espaço pessoal de cada um, sabendo que são livres para se distanciarem quando precisam de solidão ou estão sem tempo. Esta liberdade de saber que a vontade de querer desconectar-se por um tempo não será tomada de forma negativa pelo outro é o que mais une as pessoas.
Quando sentimos que a nossa maneira de agir é aceite pelo outro, é o momento em que as relações adquirem mais confiança, pois sentimos a liberdade de distanciar-nos sabendo que esta atitude é compreensível. Há alguém disposto a aproveitar a tua companhia quando possível, aceitando que nem sempre será assim devido a diferentes circunstâncias.
Se tu gostas de alguém, deixa que essa pessoa voe em liberdade; deixe que a vida flua de forma natural e o tempo colocará cada coisa no seu lugar. A pessoa que é “para ti” voará a teu lado por vontade própria, sem necessidade de pressões ou vitimismo.
A melhor receita para atrair pessoas que desejam desfrutar da tua companhia: deixar-nos conhecer, mostrar o nosso melhor, demonstrar os nossos interesses para que o outro dê o seguinte passo.
Se houver sintonia, ótimo; se não, dá liberdade e vai em busca de outra borboleta.
Texto de Niala Pessuto (tradução)