Sobre aquelas expectativas que tu criaste

Sabes quando nos oferecem um ovo kinder e sai o brinquedo que nós menos queríamos? Quando nós somos crianças e nos oferecem roupa no aniversário? Quando tu abres a caixa do gelado e era feijão?

Quando tu pensas que era açúcar e era sal? Quando a pessoa que conheceste e simpatizaste diz que quer conversar e não era para dizer que gosta de ti? Quando tu recebes mensagem e é da operadora? Sabes quando tu marcas um encontro e o outro não aparece? Quando o cabeleireiro corta o dobro do tamanho do cabelo? Sabes quando tu acenas e não estavam a acenar para ti?

Sabe quando as coisas não saem como planeado? Quando elas não são o que deveriam ou pareciam ser?

Sabes aquela conversa toda sobre expectativas?

Expectativas – aquela doença cretina que muita gente tem – sabes?

Todo o mundo tem sempre aquele discurso de: Não cries expectativas!

No fundo todo mundo já criou, cria ou vai criar aquelas tão bonitinhas, expectativas.

“Oh, eu só pensei que casaríamos numa igreja em Roma, chegaríamos de limousine e moraríamos numa praia paradisíaca, depois teríamos 3 filhos e seriamos felizes para sempre. O que tem de mal nisso???”

A gente acaba por criar um roteiro para a vida, com pessoas que nem sabem dessa programação. Tipo aquela situação de “vem comigo que no caminho eu explico?”, só que a gente não explica.

Acabamos por desenhar a vida inteira com alguém que a gente conheceu ontem, ou hoje no almoço.

A gente cria, alimenta, trata bem as malditas expectativas, para um dia elas irem embora – junto com o amor da tua vida de hoje – sem sequer um aviso prévio.

Depositamos confiança, sentimentos, sonhos, em pessoas que achávamos conhecer, e que se tornaram aquilo que disseram que nunca seriam.

Esperamos demais, dos simples seres humanos normais – não príncipes nem princesas –, esperamos que eles superem todas as faltas que trazemos connosco. E nada disso acontece, que gente incompetente, né?

O problema é todo nosso. Nada mais nada menos do que isso. Não faças cara de choro, vá lá.

Quem disse que ele iria ficar? Quem disse que o que ela sentia era de verdade? Tu, além de estares a alimentar essas expectativas, estás também a dar bebida para elas?

Não haviam promessas, só aquelas tuas promessas – feitas contigo mesmo – que incluíam alguém que nem sabia disso. Isso é certamente um tiro no pé.

Será que ninguém percebe que a maioria das vezes só se magoa e se decepciona aquele que fantasia sobre pessoas que nem conhece direito?

Passamos grande parte da vida a achar que os outros nos decepcionaram, mas na verdade fomos nós, nós que criamos expectativas sobre as pessoas, que às vezes não são como gostaríamos que fossem, elas são como são. E são perfeitas do jeito delas, não do teu.

Se nem tu consegues ser como gostarias de ser, porque as pessoas seriam? Hum?

Não esperes demais, se possível nem esperes.

Ninguém deve ser responsável pelas tuas desilusões, afinal que culpa as pessoas têm de não viverem num conto de fadas como tu querias que vivessem?

Tens que aprender, que tu só podes controlar o que depende de ti, então começa a controlar essas expectativas, que cá entre nós, já estão gordinhas de tão bem alimentadas.

Chega de desperdiçares as tuas fichas em apostas mal feitas. Se for para criar algum tipo de expectativas, deposita as tuas fichas em ti mesmo. Ouvi dizer que não esperar nada das pessoas é surpreender-se. Já pensaste em tentar?

Texto de Alessandra Menegaz

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