Sonhei o que não podia

Mostrei-te tudo o que eu era e o que eu não era. Fiz tudo o que estava ao meu alcance para te conseguir conquistar e nem isso foi suficiente para te fazer querer tanto essa vida como eu queria. Se calhar faltou-me a coragem… para te dizer o quanto gosto de ti e para te explicar que nunca te deixei ir porque tudo o que passámos eu senti a cem e não a vinte ou trinta como devia.

Deixei-me levar nas tuas ondas onde nenhuma pedra me parecia obstáculo possível para destruir aquele pouco tempo que tínhamos. Mas mais uma vez eu exagerei. Eu sonhei o que não podia. Eu quis ter o que não me estava ao alcance. Tenho aquele sentimento de culpa por nunca te ter dito aquilo que realmente carregava no peito. Porque nunca desejei perder os poucos momentos que passávamos juntos. Porque para mim, um simples beijo teu era uma paragem no tempo e não uma coisa banal que tu usavas para me dizer adeus, assim como o teu toque significava o inexplicável e não apenas fricção entre dois corpos.

Eu fiz o que pude para manter a minha cabeça longe de ti mas era impossível! Tudo me fazia recordar de ti por pouco que fosse e até a mais simples coisa me fazia lembrar daquelas gargalhadas fortes que demos juntos.

Mas hoje decidi que tudo iria ser diferente, que quem iria comandar a minha vida seria eu e não uma imagem que criei erradamente na minha cabeça. Sem esquecer todos os momentos, sem apagar nenhuma memória, mas hoje descanso a minha cabeça na almofada sabendo que tu estás bem sem mim e que eu também sou capaz de continuar sem ti.

Anónimo

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