A paixão faz isso mesmo com a gente. Ela arregaça o coração, sem dó nem piedade. Ela quebra a porta, arranca os trincos e sempre possui uma chave cópia, para garantir que se tentarmos fugir, ela continuará mesmo atrás de nós. Eu senti-me uma criança indefesa na tua mão. Alguns me chamavam de inocente, mas tantos outros morriam de inveja do que eu sentia por ti. Era algo louco, quente e verdadeiro. Mas o que eu nunca imaginei que aconteceria, acabou da forma que menos esperava. E como qualquer outro sentimento, depois de muito tentar e sofrer, eu consegui libertar-me.
Doeu e sangrou. Briguei com a minha própria cabeça, libertei os meus pensamentos, joguei no lixo as lembranças, apaguei o teu número da minha agenda e por muito tempo menti dizendo que já te tinha esquecido. Mas a verdade é que eu não sabia como te tirar da minha vida. Tu foste para um canto, e eu segui para o lado inverso. As nossas vidas se desencontraram, da mesma forma que se tinham encontrado algum tempo antes. De forma completamente inesperada. É como se eu nunca tivesse tido nada antes de te conhecer, depois tivesse descoberto o tudo ao te conhecer e, sem conseguir mudar o destino, depois tivesse que aceitar colocar um ponto final onde eu só queria inserir reticências ou exclamações.
O tempo passou, eu esqueci-te e o que eu sentia por ti foi superado. A nossa relação tornou-se apenas um exemplo daquilo que eu não quero repetir novamente, com quem quer que seja. Não aceito relações pela metade. Eu não quero migalhas. Sei o que é sentir a paixão e sentir-me vibrante, e desejo isso em cada amanhecer. Mas sabes, eu queria muito que tivesse sido contigo o meu final feliz. Mas de ti, só ficaram as melhores lembranças.
Apaixonei-me, e esqueci. Sinto saudades de ti, mas não como antes. Não da forma que eu sentia. Sinto saudade do sentimento, não da pessoa. Da energia, e não do toque. Eu não sinto mais a tua falta, de jeito nenhum. Eu já passei por essa fase e, talvez tu nem tenhas ideia do quanto foi difícil enfrentar e vencer os meus próprios monstros.
Continuo a procurar algo melhor do que aquilo que despertou em mim quando estive ao teu lado. Continuo a procurar um alguém que me encontre e me descubra. Afinal, não existe nada melhor do que querer alguém e ver o sentimento ser retribuído da mesma forma.
Encanta-me tudo aquilo que me tira da realidade.
E se eu pudesse escolher alguém, certamente seria quem despertasse o meu lado criança e adulto. Porque, afinal, somos feitos disso mesmo: tesão, razão e emoção.
Nós teríamos dado certo, se tu também quisesses. Mas não foi o caso.
Texto de Jéssica Pellegrini