Um brinde às mulheres diretas

Ela entra sem bater a porta e vai direto ao ponto: ou isto ou aquilo. Enquanto tu ficas dividido em cima do muro sem saber para que lado pular, ela dispensa os meio-termos: tem pavor de gente indecisa, de gente que se esconde atrás de motivos, de gente que venera os rodeios. Se tu és labirinto, ela não brinca.

Ela caminha na tua direção e tu sabes que é ela porque tu tremes. Tu tremes mesmo que ela esteja de tenis ou com um salto agulha, daqueles gigantes, tremerias mesmo se ela estivesse descalça. Tu sentes peso e ela sente-se leve. Sente que tirou um peso grande das costas ou, se ainda não tirou, vai tirar em breve. A grande vantagem de ser direta é essa: não perder tempo com o que poderia ser. Ou é, ou não é. Não há 8 ou 80, e ela também não aceita um 40.

Há quem diga que a vida não é bem preto no preto e branco no branco, mas quem é que disse que tu precisas de definir as coisas assim? Ela é a prova viva de que tu podes colorir o mundo da forma que quiseres, desde que saibas como queres pintá-lo. E se ela depender de outra pessoa para o mundo dela ter cor, ela adianta-se e tira a prova dos nove sem deixar que alguém faça malabarismos com a vida dela. Porque mais tarde ou mais cedo o malabarismo cai, ela costuma dizer, e só quem pode equilibrar a sua vida é ela mesma.

Se ela gosta, ela liga no dia seguinte. Se ela gosta mais ainda, ela vai para a cama e ai dele (ou de ti) se a criticares por ser decidida. Se lhe lançarem uma cantada e ela não quiser, ela diz na cara e, amigo, é melhor saíres porque estás a incomodar. E tu vais perceber se ela gostar de ti ou não porque ela vai dizer com todas as letras que te quer – ou que não quer, se for o caso. Há quem goste e quem não goste disso. Pessoalmente, eu acho incrível a forma como ela lida com as vontades e se põe em primeiro lugar. Mas quem sou eu para achar alguma coisa, se ela sabe que a dona do mundo dela é… ela própria.

Uma vez perguntaram-lhe o porquê da pressa e ela disse que não é pressa, é que as pessoas se acostumaram muito a dar voltas e mais voltas mesmo quando tudo o que a gente quer sempre esteve ali na nossa frente. E depois que ela aprendeu isso, ela deixou de se importar com o que pensariam ou com o que ela mesma julgaria errado. O importante era não perder tempo que poderia ser usado para ser um pouco mais feliz. E então ela foi. Foi em linha reta e dizem por aí que ela tem sido muito mais feliz do que era antes, quando ainda colocava os outros, a culpa e um monte de obstáculos à frente dela.

Texto de Daniel Bovolento

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