Vezenquando…
Vezenquando não se precisa de muito…
Não são necessários presentes caros. Nem baratos; jantares em restaurantes chiques, declarações espalhafatosas em carros de som ou o querer mostrar ao mundo que se está a namorar… Não, há aquela hora em que nós só precisamos de cuidado, entendes? Nós só precisamos de uma palavra de carinho, um cobertor, um filmezinho – se não for pedir demais, aquele chocolate de panela – e a quentura daquela pessoa…
Nós só precisamos de nos sentirmos amados, seguros e na mais plena paz, nem que seja mera utopia. Sabes aquele olhar carinhoso, cheio de afeto, dedicação, admiração, apresso? Pronto, vezenquando só isso bastava. Sabes também aquela dança de borboletas que dá na nossa barriga quando a pessoa que nós gostamos ri, segura a nossa mão na frente de todos e revela sem o menor pudor os seus sentimentos? Pronto, é disso que o nosso coração, corpo, mente, cabelos, poros, unhas, pernas precisam.
Chega aquele momento em que nada no mundo terá tanto significado como aquela mensagem na madrugada “estava a pensar em nós…” ou aquela ligação que não é atendida com um “olá, oi” e sim com aquelas risadinhas que fazem o nosso coração dar pulinhos de felicidade, mesmo sem motivo algum. Há uma hora em que nós não queremos pedir mais nada, não queremos dizer mais nada, mas sabemos que o outro vai encontrar no nosso silêncio as nossas necessidades. E aí vai compreendendo, vai evoluindo, vai gostando, gostando, gostando, amando… As coisas vão se encaixando, o mundo vai ganhando cor. E era só disso que a gente precisava…
Vezenquando, vezenquando só isso bastava.
Texto de Marielena Fonseca