Vontade de se apaixonar sem ponto final
Hoje eu acordei com uma vontade diferente, com uma vontade de amar. Acordei com vontade de ser alguém para um outro alguém, mas não um alguém qualquer. Alguém que faça a diferença, que a ausência seja sentida e a presença valorizada. Acordei a querer dividir sonhos, fazer planos.
Hoje acordei com pouco sono e muita vontade de me apaixonar. Coisa rara, admito. Sabes aquela paixão que paira no coração e sobressai no sorriso? Que deixa de ser um olhar discreto e se torna um espirro em público? É estranho dizê-lo, mas apaixonar-me em silêncio, hoje, não é o que eu quero. Diferentemente dos dias em que eu digo que sou um coração fechado, hoje queria gritar pelas ruas como quem dança os amores que viveu. Passar vergonha nas paixões. Essa é a graça de estar apaixonado; evidenciar o que se sente.
Diferentemente de outros dias, e dos comentários retóricos sobre pessoas solteiras serem felizes com a própria companhia, hoje não pretendo apaixonar-me pela vida, pela natureza ou pelo pôr do sol. Quero apaixonar-me por uma pessoa, de beijos cheios de arrepios, defeitos encantadores e loucuras parecidas com as minhas. Quero perder-me nos seus fios de cabelos e no toque da nossa pele.
Enquanto alguns ainda hasteiam com orgulho o quão desapegados são, eu só me disponho a viver de novo o que o meu coração pede todo o dia. Paixão louca; aquela sensação de sentir-se tão feliz, que o medo nos diz que tudo isso pode não ser real. Essa é que é a delícia de se apaixonar, sentir-se perdido no meio de um sentimento que se faz reciproco.
A verdade é que há um momento na vida da gente em que nos vemos cansados de ter que descobrir as pessoas, perguntar o que fazem, o que gostam, ouvir os seus sonhos e interpretar os seus sentimentos. Queremos que alguém nos desvende e, como num passe de magia, nos faça esquecer as rotinas. Sem nos prender por motivos supérfluos, mas pelo aconchego de quem, hoje, nos faz não pensar no amanhã.
Da falta de sentir frio na barriga, vem a fome de ser feliz. Que deixemos a eternidade de um amor calmo para outro dia, hoje quero ser todo euforia. Surpreende-me, pois este coração grita por emoções loucas e todas sem explicação.
Texto de Frederico Elboni