Estado civil: Feliz!
A felicidade que sentimos não é diretamente proporcional a conseguirmos ou não ter um relacionamento amoroso seja ele qual for: amizade colorida, namoro ou até casamento. No entanto, inconscientemente e até por pressão social, nós acreditamos que para sermos felizes a condição é “ter um alguém”. E em nome de um “Amor”, nós saímos numa procura louca e desesperada, envolvendo-nos em situações e com pessoas que na maioria das vezes não temos nenhuma afinidade, o que nos conduz ao sofrimento, tristeza e carência. Quando entramos neste ciclo perigoso, da “falta de nós mesmos”, viramos presas fáceis para o engano e para a ilusão.
Existem pessoas que não conseguem ficar nem um dia sozinhas, vivem de namoro em namoro, de casamento em casamento, de engate em engate, emendam a decepção do relacionamento anterior usando uma nova pessoa, na tentativa de curar o vazio e a solidão. Estão sempre à procura de alguém para suprir todas as suas necessidades, resolver os seus problemas e proporcionar a tão sonhada felicidade. Estão sempre a querer apoiar-se no outro. Não se amam a si próprios, não se gostam, não se conhecem. Não conseguem enfrentar os seus desafios, amadurecer e crescer.
Outras sustentam anos de casamento ou namoro em nome de um amor que não existe mais. Entregam-se à rotina, à violência física, à tortura emocional, às ofensas, às vinganças e às traições. Seguem a sua vida acumulando problemas, mergulhadas no desrespeito mútuo, e destruindo-se a cada dia. São pessoas acomodadas e escravas do destino que escolheram.
Seguindo nesta viagem em busca das maravilhas do Amor, também encontramos os céticos que não acreditam mais em ninguém, fazem tudo para não se envolver por medo de sofrer novamente. Gostam só até um certo limite. Sustentam a sua decepção por anos. Já os românticos vivem eternamente apaixonados, amam muito e entregam-se tanto ao outro que se anulam. Criam nas suas mentes deuses e deusas. Esperam e idealizam demasiado: a mágoa e a decepção são sentimentos constantes.
Tudo isto em nome do “AMOR”? Ou será para tentar fugir de si próprio?
Nós somos felizes? Nós conhecemo-nos a nós próprios? Há quanto tempo nós não nos dedicamos a nós? Há quanto tempo nós não fazemos o que gostamos? Estar sozinho não é o problema. Não ser feliz connosco, com a nossa vida, é que é! Nós somos capazes de superar os desafios, aprender e caminhar com as nossas próprias pernas. Todos os dias a nossa missão é de procurar mais felicidade e prazer.
Nascemos sozinhos, estamos sozinhos o tempo todo. Quando sofremos ou sentimos alegria estamos a sós com o nosso pensamento, coração e alma. Os amigos, a família e os amores são flores na nossa estrada, são o conforto e o carinho que precisamos para nos dar coragem e alimentar a nossa alma. Mas o trabalho, a tempo inteiro, é somente nosso.
Somos nós com nós próprios! Por isso, ficarmos do nosso lado com carinho e paciência é um compromisso que devemos fazer.
Ser feliz só depende única e exclusivamente de nós, não depende de ninguém e de nada externo a nós, muito menos de um estado civil.
Todos nós queremos companhia e desejamos o amor. Mas amar é partilhar e não depender. É gostar e não se escravizar. É caminhar lado a lado com companheirismo, alegria e prazer, é partilhar o nosso verdadeiro ser. Ama-te, respeita-te e sê feliz! Um amor… É consequência!
Por Mónica Dias
(via Coração em Retratos).