A razão de tudo…

Hoje escrevo sobre a razão de tudo. Saberei eu do que falo? Talvez não. Mas acredito que tudo acontece somente quando tem de acontecer e acima de tudo porque assim tinha que ser.

Era apelidado de “amor verdadeiro”, por mim, por ele e por todos os que nos rodeavam. Acreditei que sim, tudo indicava que esta seria a lógica mais viável, a mais assertiva e a que me traria mais felicidade. Nunca foi um amor por imposição, foi uma escolha e afinal o que poderia correr mal quando somos nós próprias a escolher o nosso destino? Pensei que nada… Na verdade, acreditei naquilo que por tanto tempo duvidei, que seria para sempre.

A vida travou-me muitas batalhas, empurrou-me muitas vezes para caminhos menos lógicos, que me trouxeram dissabores, mágoas, tristeza e angústia. Quando ele apareceu, achei que a vida me estaria a “recompensar” de certo modo. Que estava simplesmente a trazer ânimo aos meus dias, que me dava finalmente a paz de que tanto precisava. E a verdade é que deu. Por muito tempo a felicidade que sentia foi superior a qualquer dor, e apesar de passar por muitas desilusões, tudo valia a pena no final, era reconfortante saber que à noite eu não estava sozinha, tinha lá o meu apoio, era bom de manhã acordar e saber que tinha com quem falar, que existia alguém que estava à espera do meu “bom dia, amor”. É como se nunca estivéssemos sozinhos. Mas a realidade dos factos é bem diferente desta. E infelizmente só percebemos isso quando a vida nos tira o chão…

Não dá para explicar o que senti, por mais que saiba que muita gente já passou pela mesma dor, todos nós sabemos que não há palavra nenhuma, nem mesmo um conjunto delas que consiga descrever tamanha dor. Não tinha vontade de acordar de manhã, afinal, a quem iria eu dizer “bom dia”? E à noite? Bem, à noite eu não tinha sono para dormir, a minha cabeça era assombrada por pensamentos, por memórias vividas, afinal de contas onde estava o meu ombro amigo? Aquela companhia certa de todas as noites? Não estava mais, e o momento até eu aceitar isso levou-me alguma da minha sanidade mental.

O que mais custa no final de tudo, é aceitar que se perdeu, que remexer no passado, gritar “continuo aqui”, correr atrás e insistir no que acabou, não nos vai trazer nada de volta. Afinal de contas foi a pessoa que decidiu ir embora. E não nos resta mais nenhuma alternativa senão aceitá-lo. Mas não foi fácil, até o conseguir tive como companhia de todas as noites, uma cama vazia, lavada em lágrimas, músicas do “arco da velha”, triste e deprimentes, que apenas me ajudavam a relembrar ainda mais o passado. E o pior de tudo foi mesmo a humilhação a que me permiti. Foi isso que me arrastou para o abismo…

Mas um dia, quando menos esperei, logo pela manhã e sem ter ainda ninguém a quem dizer “bom dia amor”, acordei finalmente, percebi que havia um mundo lá fora, cheio de coisas novas, de pessoas novas, de novas experiências para serem vividas e dei por mim a questionar o porquê de tanto sofrimento. Lavei a cara e decidi que ficar em casa não era mais uma opção para mim, afinal de contas só porque alguém tinha desistido de muitos sonhos em conjunto e tinha feito uma “pausa” na minha vida não queria dizer que eu não pudesse voltar a carregar no “play”. Vesti uma roupa onde me sentia bem, uma roupa com que sabia que não ia passar despercebida e saí à rua, mais uma vez digo, não foi fácil. Mas ocupei a minha cabeça com apenas uma frase “não precisamos de ninguém que não precisa de nós”. E foi aí, aí mesmo que comecei a entender a razão de tudo, porque afinal de contas só está na nossa vida quem quer estar, e porquê querer alguém que não nos quer? Mais cedo ou mais tarde vai acabar por correr mal e quem vai ser o maior prejudicado? Nós, apenas nós que vivemos agarrados a algo que não tinha futuro. E se fizeste tudo para aquela pessoa voltar e não deu resultado, não há nada neste momento que te passe pela cabeça? Não consegues encontrar um porquê para ter sido assim? Porque aquela pessoa não era a certa para ti. E na minha opinião, é melhor estarmos sozinhos do que estar com a pessoa errada.

Hoje sigo bem, sigo sozinha, mas cheia de força. Não procuro ninguém, a não ser a mim mesma. Todos os dias descubro forças em mim que nem sabia que existiam, todos os dias encontro mais uma qualidade aqui ou ali, desafio os meus próprios limites e luto todos os dias para diminuir as minhas fraquezas. Sorri-o todos os dias, luto para ser melhor e para dar sempre o meu melhor em tudo. Vou a lugares que me inspiram, procuro inspiração em sítios que me transmitem paz interior e faço de mim a mulher que sempre quis ser.

Esse é o segredo, sermos todos os dias melhores, trabalharmos para realizar os nossos objetivos, lutar pelos nossos sonhos, é isso que nos vai fazer sentir realizados. E esse é o verdadeiro propósito da nossa missão aqui na Terra, porque quando somos bons para os outros são ainda melhores para nós mesmos.

E sabem por quem eu trocaria a vida que tenho hoje? Com todas as certezas do mundo, por ninguém. E se a pergunta feita fosse: Voltarias ao passado? A resposta seria, nunca.

Esta é a história da mulher que nasceu, se apaixonou, se decepcionou e finalmente acordou, porque muitas vezes um relacionamento acaba não para nos afundar, mas sim para nos fazer acordar.

Texto de Mariana Moreira Pinto

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