Amavas-me porra nenhuma!

Eu queria tanto que tu gostasses de mim da mesma maneira que eu gostei de ti. Queria tanto que tu me amasses com aquela intensidade toda que eu tinha ao te ver. Queria tanto que tu te esforçasses por nós com a mesma vontade que eu tinha de solucionar os problemas, de procurar uma forma de resolver as coisas e tentar que no final desse certo. Queria tanto que tu estivesses na disposição de fazer com que nós resultássemos em alguma coisa, que tu quisesses mesmo ouvir-me, que tivesses paciência para me escutar, que nos levasses a sério. Mas nós não podemos forçar as pessoas a gostarem de nós. Se nós temos que exigir alguma coisa é porque não está a ser recíproco, não está a haver amor. Às vezes a vida apronta-nos essas coisas. Acho que nós acabamos por nos perder em alguém para no final das contas nos encontrarmos ainda mais fortes, mais firmes, mais maduros. Eu pensava que te tinha perdido, mas dei-me conta de que a única coisa que eu perdi contigo foi o meu tempo.

Fui embora mesmo querendo tanto ficar, porque não basta um só querer. Sabes aquela frase: ”quem ama nunca desiste”? Eu passei a não acreditar nela quando te amei pra caralho e tive que desistir por falta de reciprocidade.

Eu até tentei. Eu tentei passar por cima dos problemas e dar-te mais uma chance. Eu tentei acreditar que tudo se iria acertar entre nós dois, tentei acreditar que ficaríamos bem de novo. Mas não deu. Não deu mais para acreditar em ti depois de tantas chances que te dei. Eu cansei de fingir que nada tinha acontecido, sabes? Cansei de, simplesmente, acreditar que estava tudo bem quando eu sabia que não estava. Cada pessoa só dá o que tem. Se tu não tinhas amor por mim, não havia razão para eu insistir que tu tivesses.

Eu percebi que tu foste embora no dia em que me ligaste e o meu coração não disparou mais. Eu percebi que tu te tinhas tornado passado quando toda esta situação parou de me magoar, quando eu encontrei a graça nisso tudo. Eu percebi que tu tinhas saído da minha vida quando te encontrei na noite e as minhas pernas não tremeram, quando te vi acompanhado de outra pessoa e torci para que desta vez tu te tornasses uma pessoa íntegra e parasses de magoar os outros. Tu deixaste de ser aquela pessoa que eu queria e passaste a ser a pessoa da qual eu me livrei, quando eu finalmente percebi que tu não valias a pena e que eu merecia bem mais.

Tu foste capaz de mentir a olhar nos meus olhos, tiveste a coragem de dizer que me amavas, que jamais me magoarias, que era tudo coisa da minha cabeça. No fundo eu senti, bem lá no fundo eu sabia que tu estavas a mentir, mas escolhi enganar-me, decidi acreditar em ti, porque afinal, tu dizias que me amavas e que quando amamos alguém devemos acreditar, não era? Tu foste capaz de me enganar, de usar o amor como um pedido de desculpas para camuflar o que tu tinhas feito, tu atiraste os nossos sonhos pela janela, varreste os nossos planos para debaixo do tapete e tiveste a cara de pau de dizer que me amavas. Amavas porra nenhuma!

Texto de Iandê Albuquerque

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