Antes uma lista longa de “não acredito que fiz isso” do que o arrependimento por não ter feito nada.
É bem verdade que, como diriam alguns, se os conselhos fossem bons, não eram dados de graça. Às vezes, porém, tomar de empréstimo os olhos alheios permite-nos observar a vida de outro ângulo e sob prismas ainda não pensados. Por isso, vou ousar emprestar-te os meus olhos por alguns minutos.
Sê bondoso com os outros, mesmo sabendo que talvez não haja reciprocidade. A bondade é um fim em si mesmo e, quando honesta, renova as energias e lava a alma.
Não tenhas medo de cair. Às vezes vencemos, às vezes não. Quando estiveres espalhado pelo chão, aproveita para estudá-lo bem. Nada como conhecer as próprias falhas para o nosso melhoramento contínuo. Antes uma história cheia de tropeções do que história nenhuma. Prefere o erro à omissão, o tropeção à inércia. As grandes biografias estão recheadas de altos e baixos, mas nunca de monotonia e dormência.
Não percas a fé na humanidade, mesmo que ela te dê milhares de razões para isso. Ninguém é tão ruim que não tenha algo de bom. Agarra-te a essa certeza, continua de mãos estendidas e coração aberto. De amargura e desilusão o mundo já está cheio, salta fora.
Sonha alto, mas não te esqueças de caminhar a passos largos para perseguir o que desejas. Basta de frases nostálgicas, chega de “se eu fosse mais jovem…”, “se tudo fosse diferente…”, “se eu tivesse nascido rico…”, “se eu tivesse tido coragem…”. Ganha coragem agora. O não é garantido, procura pelos sins encravados em lugares a que te acostumaste a chamar de loucura ou impossível. Impossível é uma questão de opinião, já bem disse algum louco por aí.
Sê ético, não trapaceies nem caias na tentação de falar da vida dos outros. A diferença entre protagonistas e figurantes está em construir a própria história ou narrar a história dos outros. A não ser que tu sejas um biógrafo, escolhe a primeira opção.
Compreende o teu espaço no mundo e acredita nos limites que o teu coração te soprar. Jamais acredites em limites que os outros te impõem. Essas pessoas vão desaparecer em algum momento e, no final, as contas serão prestadas apenas entre ti e tu mesmo.
Não te mates por besteiras, nem te remoas por frases mal colocadas ou decisões mal tomadas. Isso irá esfolar-te a carne e o espírito, e resolverá tanto quanto tentar fazer dieta no natal. Diz um antigo provérbio que três coisas não voltam jamais: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. Então levanta-te o quanto antes, sacode a poeira, engole o orgulho e pede perdão. A honestidade é a maior forma de ser grande. Age agora para consertares as asneiras que cometeste antes que seja tarde demais para repará-las.
Sê gentil, mesmo que o próximo faça a ideia parecer absurda. As maiores carrancas e os piores venenos costumam ser disfarces para almas fracas, vazias, frágeis, e infelizes. Se um dos teus gestos for capaz de aplacar a dor do outro, acredita, a sua existência terá valido a pena.
Mais do que fiel, sê leal a quem merece que tu sejas. O mundo está repleto de gente a ditar regras, poses, modas e costumes. Mas a única regra realmente importante é: se tu te sentires bem sem invadir o espaço do outro, está tudo certo.
Vive com intensidade, presença e plenitude. A morte é a única certeza que se tem na vida, mas não entregues os pontos de graça. Faz a briga valer a pena.
Texto de Lara Brenner