Aprende a fazer falta, principalmente para quem sabe onde te encontrar

Quando a gente percebe que já fez tudo o que podia ter feito, já conversou, já explicou, já até cobrou. Quando a gente percebe que o nosso investimento virou insistência. Quando tu percebes que tudo o que tu és para outra pessoa não tem importância para ela… está na hora de tu deixares para lá e saíres de cena.

Às vezes, para alguma coisa funcionar precisamos parar de agir, ficar quietos e esperar para ver se o que foi plantado vai florescer ou não. Neste caso, em relacionamentos, nessa hora, é preciso sumir, parar de ligar, de mandar mensagens, de seguir na internet ou fisicamente. Não é fácil e não é de uma hora para a outra que o coração vai se convencer que algo de repente não tem futuro, mas é preciso controlar os impulsos. Não é fácil, mas é necessário nesse momento.

De vez em quando o único remédio é sair de cena, é aprender a ser ausência quando tudo já foi dito, cobrado, explicado. Deixar de ser insistência para ser abstinência.

É preciso controlar os próprios impulsos. Isso pode parecer simples, mas é uma das coisas mais difíceis de se conseguir. É preciso que a gente entenda que tantas oportunidades de ser feliz estão acontecendo lá fora e a gente teimando em se fixar na pessoa que foi embora.

É preciso entender que enquanto nós insistimos em verificar os horários em que o outro “visualizou por último” a mensagem que lhe enviámos, muita vida está acontecendo e sendo deixada para trás.

É claro que no início vai ser mais difícil – não é de uma hora para a outra que o coração entende as mudanças de planos – mas aos poucos, bem aos poucos, tu aprendes a fazer falta para o outro.

Afasta-te de quem sabe onde te encontrar e até ao momento não se importou; de quem teve todos os teus sorrisos e nunca os valorizou.

Afasta-te de quem te disse inúmeros “nãos”; de quem nunca acreditou em ti, de quem pouco se relacionou e muito se cansou.

Afasta-te de quem vive com dúvidas e nunca te quis ter como certeza; de quem não aprendeu a remar junto e a agir com gentileza.

Aprende a fazer falta para quem já se habituou à tua presença e já não sorri quando tu te aproximas.

Aprender a fazer falta é segurar o impulso de procurar, de vasculhar, de perguntar. É travar a vontade de entender o que não dá mais para explicar ou de justificar o que não merece perdão.

Fazer falta é não ligar, não mandar mensagens. É sair para se distrair com os amigos, dar uma corrida no parque, respirar fundo e encontrar sentido na solidão. É relaxar para o pensamento acalmar, é desistir de parecer bem quando não se está bem, é cortar o cabelo para renovar o espírito, é ficar longe do telefone enquanto se toma uma bebida e se aprecia a beleza do mar. É, acima de tudo, agir com esquecimento e indiferença para quem sempre pareceu esquecer-se de ti.

Nesse tempo que tu vais te afastar, observa se a pessoa sabe onde te encontrar e não se importa, se ela conheceu muitas das tuas qualidades e virtudes e não valoriza. Se isso acontecer, na verdade essa pessoa nunca andou junto contigo. Observa se ela já esqueceu como é boa a tua companhia e escolheu viver sem ela.

Se essa pessoa estiver realmente na tua, se foi apenas uma fase de desgaste, um momento de autodesvalorização, uma pausa para que tudo se reestabelecesse, tu saberás, ela te buscará, os sentimentos dela e os teus se consolidarão no caminho real que precisa ser vivido. Se nada acontecer, se ela não te procurar mais, tu ficas a saber que foi o melhor que poderia ter acontecido, pois não existia nada do que tu imaginavas que existia.

Nem sempre quem está ao teu lado está contigo. Quando tu somes, quando tu deixas de correr atrás de alguém e te afastas, tu descobres se realmente tu fazes falta na vida dessa pessoa. Quando tu somes, tu descobres o quanto a tua presença é importante ou não. Sumir é uma estratégia arriscada, eu sei. É bastante arriscado, mas tu precisas saber se estás vivendo ou não uma ilusão, e se estiveres, precisas ter a coragem de te livrar dela. A vida é muito mais do que dita as nossas ilusões. Pessoas maravilhosas estão aí espalhadas pelo mundo procurando alguém exatamente igual a ti. Precisamos ter coragem para não sofrer, porque sofre menos quem encara a realidade e anda sempre para a frente e para cima.

Sumir é arriscado, eu sei. Mas também define muita coisa mal resolvida. Também traz as respostas que muitas vezes buscamos e nem sempre encontramos.

Texto de Fabíola Simões

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