Ela é do tipo que acredita no amor, mas duvida que possa acontecer com ela
Talvez nem seja tanto uma dúvida, talvez seja um medo de que na hora em que acontecer ela simplesmente não saiba lidar. Ela ainda não aprendeu a lidar com algumas coisas.
Com a saudade, por exemplo.
Ela assiste sempre aos mesmos filmes e chora em todas as cenas que já sabe até de cor. Às vezes sonha os mesmos sonhos com um sorriso que ela insiste em tentar apagar da memória, ela quer o diferente e porque não uma nova história?
Ela acha que ninguém liga e prefere fazer-se de forte, foge de sentir, mas na verdade ela queria um pouco mais, só para provar para ela mesmo que sentir é coisa de gente de sorte.
Ela ainda sonha, ainda. E tem medo de acordar do nada, tem medo do susto e de olhar em volta e ver que amor, para ela – só para ela – não é uma coisa tão linda.
Ela sente-se só, às vezes é inevitável, aí ela agarra-se ao travesseiro e pensa que só precisa de um abraço; outras vezes não quer ver ninguém, chega a pensar que sozinha ela se vira melhor, mas isso dura no máximo uma hora, outra história que ela sabe de cor.
Às vezes, poucas vezes, ela chega a sentir-se invisível.
Eu vejo daqui aqueles olhos cansados e, nessa hora, dá vontade de a esconder num abraço, de sorrir e de lhe dizer:
Menina, tu és incrível!
Texto de Nino Andrade