Eu sei que amanhã vai passar, mas por hoje está a doer muito!

A nossa primeira reação ao ver uma pessoa querida que está a sofrer é tentar transmitir-lhe esperança, no sentido de confortar a sua dor. Para isso, costumamos encorajá-la a olhar para o futuro, dizendo-lhe que aquilo tudo tem algum propósito que ela ainda haverá de entender, que tudo o que nos acontece é útil e necessário, entre outras palavras de conforto.

Muitas vezes, porém, não queremos ouvir ninguém a dizer-nos que aquilo vai passar, que amanhã será um novo dia, que temos de ser persistentes porque dessa forma sairemos mais fortes daquilo tudo.

Queremos apenas que alguém entenda a nossa dor e nos deixe sentir toda a amargura daquele momento doloroso, alguém que nos permita ser fracos e inseguros naquele instante, permanecendo ao nosso lado, se possível com um silêncio que acolha e transmita compreensão.

Todos sabemos que os tombos nos fortalecem e trazem conhecimentos importantes ao nosso amadurecimento pessoal. Também sabemos que o tempo ameniza o sofrimento e traz novas esperanças, novos motivos para continuarmos a sonhar com os nossos ideais de vida. Porém, no momento em que estivermos imersos na escuridão inconsolável, sentindo-nos a pior das pessoas, muito pouco nos adiantarão quaisquer palavras que tratem do futuro, porque o hoje estará a aniquilar-nos.

Isso não quer dizer que não precisaremos de gente ao nosso lado a dar-nos forças durante as nossas misérias emocionais; isso quer dizer que precisaremos de alguém que, antes de tudo, demonstre entender o que estamos a sentir e nos permita passar por aquilo, até que o fundo do poço não mais nos caiba. Quem sofre precisa de consolo empático, precisa saber que o outro entende e vai deixá-lo sofrer o que tiver que ser até que consiga expulsar aquilo tudo da sua vida.

Então, quando as nuvens começarem a se dissipar, quando os raios de sol conseguirem alcançar o rosto de quem se encontrava na escuridão, aquele que esteve ali ao teu lado fará toda a diferença. Vai ajudar-te a voltar ao caminho, à viagem em busca da felicidade que com certeza ainda estará por vir. Caminhar junto é preciso, mas saber a quem dar as mãos é essencial.

Texto de Marcel Camargo

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