Eu tenho uma princesa. Sim, elas existem.

Há quem diga que chamar uma mulher de princesa é algo fora de moda ou até, pasmem-se, pejorativo. Vá-se lá entender porquê. Sei que talvez vocês não acreditem, e nem precisam, mas tenho de confessar uma coisa: eu tenho uma princesa na minha vida.

Tudo bem, ela não é a Rapunzel, mas sabe defender a sua torre de invasões e, quando necessário, usa muito bem os seus cabelos mágicos como arma. Ela também não é a Branca de Neve, mas fala com os passarinhos com um sentimento de alegria inexplicável. Ela não é a Ariel, mas é destemida. Desafia o dia e sempre que possível traz aventura ao nosso amor. Ela não é a Cinderela, mas fala sozinha pelos cantos e conversa com quem vier de peito aberto. Ela também não é a Bela Adormecida, mas sonha tanto que às vezes nem dorme.

Quando ela acorda parece que o dia se faz. As nuvens brincam de fugir e o sol mostra-se irresistível. Ela, ao contrário de mim, pouco desarruma o lençol ao dormir. De encontro àquela boca risonha, beijo-a como quem morde. E mordo como quem beija. E por uma sorte do destino, quando os seus lábios tocam nos meus, deixo-me viajar. Desapareço do mundo e crio ali um universo paralelo só nosso. Alguns minutos de silêncio onde trocamos segredos em forma de beijos. Há tempos que não me lembrava como era bom amar de olhos fechados.

Viajamos sempre que possível. Seja nos sonhos ou nas cidades cheias de mimos que já conhecemos. Ela adora fotos. E eu adoro tirar fotos dela. Corremos pelo jardim, descalços, sujamo-nos e entregamo-nos ao momento sem receios do que virá a seguir. Porque, apesar de ser a minha princesa, ela não tem manias ou medo de se sujar de vez em quando. Digamos que ela sabe muito bem quando é hora de estar linda e quando é hora de ser feliz.

A verdade é que quando a gente se apaixona por uma mulher, esquecemos os olhares em redor. Queremos aquela mulher e, sem pestanejar, todos os dias empenhamos o nosso coração em fazer os seus olhos brilharem de alegria. Seja ela minha princesa, minha menina, ou minha mulher, a semântica pouco me importa, desde que ela se mantenha como o meu pedaço de alegria.

Por isso, agradeço todas as manhãs por ter uma princesa na minha vida.

Um texto de Frederico Elboni, editado e
adaptado para português de Portugal.

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