Não deixes partir, quem gosta realmente de ti.
Tudo é passageiro, e nada se escapa do fim.
Não tens noção. Da importância. Do valor que ela te dá.
Do quanto gosta de ti. Do que é capaz de fazer, para te agradar.
Não sejas um ingrato, e aceita o que nunca recebeste. O amor de alguém.
É provável que não saibas lidar com isso.
É provável que te tornes um trapalhão. De pouco importa.
Vais-te deixar conquistar. E vais perceber o que a distingue das outras.
Certamente, te irás apaixonar antes dela. Acontece. Mas terás que ter calma.
Amadurecer o que sentes. Não queiras ser um apaixonado apressado.
Aproveita para te conheceres. Evita errar.
Se a magoares, uma vez que seja, estás feito.
Nem vale a pena continuares a enganar-te. Muito menos a ela.
Sê inteiro, em tudo o que faças. Mas não queiras dar tudo de ti.
O excesso de amor enjoa. Dois passos em frente, um para trás. Aprende.
Por sorte, ela vai-te achar piada. Por sorte, aceitará o teu convite. Para jantar.
E quando lá chegares, não te esqueças dos modos em casa. Sê cavalheiro.
Mostra o respeito que tens por ela.
E foca-te, naquelas horas. Não penses. Aproveita.
É o momento de arriscares. Duas pessoas, num só jantar.
Dois, num só. É o que serão. Se continuares assim, desta maneira.
E não te preocupes. Pelo garfo ou faca que caiu ao chão.
Ela fingirá que não aconteceu. E fará o mesmo, para te salvar. Bom sinal.
Não te sintas constrangido. Ela precisa da tua confiança.
É das únicas coisas que te pedirá.
Serve-a, de vinho. E quando ela estiver com os lábios molhados, beija-a.
Saboreia. Mas faz tudo isto, sem planos. Excepto o convite.
Não fiques lá para a sobremesa. Pode ser que tenhas uma surpresa.
Em casa. Mas para isso, leva-a. E surpreende-a.
É uma das tuas melhores qualidades. Esmera-te.
Fá-la sentir-se especial, numa noite única.
Se assim for, adormecerá, para sempre. Ao teu lado.
E acordará no teu peito, só para te dizer o que faltava. Num amor só vosso.
“Gosto de ti, trapalhão. Muito.”
Texto de Manuel Chau