(Texto escrito por um norte-americano e publicado na Internet acerca da morte do seu cão, baleado por um vizinho. Partilhamos este texto em jeito de homenagem ao Simba e aos seus donos, mas também a todos os animais que já foram vítimas desta crueldade.)
No fundo, eu escrevo este texto direccionado mais para mim próprio, como forma de desabafo para me ajudar a superar a dor, do que para ti, até porque eu presumo que tu não te importas minimamente com isto de qualquer maneira. Na tarde de sábado tu trocaste uns meros segundos do que tu chamas de “prazer” por horas de dor e sofrimento de um cão indefeso e por uma perda para a nossa família que durará para toda a vida.
Tu usaste uma arma para disparar contra o meu animal de estimação – duas vezes. Talvez eu até conseguisse um dia mentalizar-me de que um único tiro tivesse sido um erro ou um acidente; mas dois disparos é algo deliberado. Obrigaste o meu cão a deslocar-se penosamente para casa com uma perna destruída e um buraco no peito, a sangrar e com dor. Quando o vi, olhou para mim como se me perguntasse: “Porque é que um dos nossos vizinhos fez isto comigo?”
Cerca de sete horas depois, muitas centenas de euros (embora a quantia e o dinheiro não importem realmente), três veterinários e meia dúzia de assistentes mais tarde, a única coisa humana a fazer era deixar o Jack entrar no seu sono final. Não havia nenhuma esperança para o seu peito e para os seus pulmões, devido aos danos causados pela bala, e a sua perna quase certamente teria que ser amputada. O seu coração estava a falhar devido à pressão do ar provocada pelas perfurações nos pulmões e ele não conseguia respirar.
Eu espero que tu tenhas desfrutado daqueles poucos segundos. Eu quero que tu saibas que o Jack amou todas as pessoas incondicionalmente. Ele reagia sempre que via uma pessoa e cumprimentava todos igualmente, quer estivessem a entregar o correio, o gás, uma encomenda ou até que fossem apenas pessoas desconhecidas a passar na rua. Eu estou a tentar desesperadamente não julgar-te de forma muito dura, mas tu tornaste as coisas difíceis.
O Jack nunca mostrou o menor sinal de agressão em relação a nada nem a ninguém (excepto talvez a uma toupeira que ele tenha tentando desenterrar no nosso quintal). A maioria, se não todos os nossos vizinhos, faziam-lhe festas sempre que o viam; ele transformava-se no ser mais contente à face da Terra sempre que alguém em qualquer lugar lhe passava a mão pela cabeça, lhe coçava a orelha ou tocava nas suas costas. Isso tornava-se evidente pela sua cauda que não parava de abanar e pelos seus olhos que fechavam, tal era a alegria e contentamento que ele sentia. Quando ele queria ir para fora de casa, ele não ladrava para perturbar as pessoas. Em vez disso, ele ia em silêncio até à porta e esperava – e se naquele momento não fosse a melhor altura para a família lhe abrir a porta, então ele esperava e tentava novamente passado alguns minutos. Ele não gostava de água e de ruídos muito altos, mas ele amava as pessoas e todas elas – bem, quase todas, aparentemente – amavam o nosso Jack.
Não consigo entender como é que alguém possa ter prazer ao disparar desta forma, contra um alvo deste tipo. Nenhum ser humano que se preze dispara em animais de estimação. Nenhum ser humano com respeito e valores abandona um animal ferido e em grande sofrimento. Mas, tal como eu disse no início deste texto, presumo que tu não te importes, de qualquer maneira.
Via Cannon Courrier