Se vais continuar a ir e vir, fica sabendo que escusas de voltar

“Ausências causam esquecimento” nunca ouviste dizer? Então se já, porque teimas em ausentar-te? Em deixar-me para trás se dizes gostar de mim? Dizes gostar mas só te lembras de mim às vezes, e ser só às vezes magoa, corrói, maltrata.

Sinto a tua falta quando te vais embora. E tu vais sempre. Finjo então que te esqueço também. Finjo que me ausento também. Finjo que não me importo, que nada me afeta e que não sinto a falta que sinto todos os dias. Embora tu saibas que eu sinto, gosto de armar em durona. As outras pessoas acreditam nessa minha farsa, mas tu não, porque já me conheces bem. És quem me conhece melhor, quem me faz melhor, e ao mesmo tempo me faz pior. Que ironia é o amor!

Gostas de mim mas teimas em ir embora. Tu vais embora sempre mas também acabas por voltar sempre. Que ridículo. Mas mais ridículo ainda é que basta voltares e eu esqueço o teu esquecimento em relação a mim e ao nosso amor. Basta voltares e eu esqueço a ausência a que tive de me sujeitar graças à tua forma de ser que me magoa, corrói e maltrata.

Dizes gostar de mim mas não mudas por mim. Nem te adaptas por mim. E bem lá no fundo, eu já nem espero que me dês amor a tempo inteiro. A cada dia o sentimento parece-me mais impossível de continuar a sustentar. Creio que nos perdemos no nosso silêncio. Do que deixámos por dizer. Perdemo-nos nas tuas idas e vindas. Na indiferença que se gerou e que acabou por sufocar o sentimento que criámos.

O gostar só, em certas circunstâncias, não chega. Eu aprendi a aguentar as tuas falhas, ausências, contratempos. Mas descobri que assim não era feliz. Então agora ganhei coragem e percebi que tenho é que aprender a dizer adeus. Chega um momento na nossa vida que preferimos ficar sozinhos do que aceitar pedaços daquilo que só faz sentido se vier inteiro. E se gostas de mim, nem que seja o mínimo, faz-me o favor e deixa-me ir. Solta-me de ti de uma vez por todas, porque até agora nunca fizeste nada para eu ficar. Se é para continuares a ir e vir, escusas de voltar.

Texto de Andreia Filipa S. M.

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