Términos não são o fim do mundo
Chega num ponto da estrada que percebemos que não resta mais alternativa alguma. Todas as esperanças se esgotaram, os planos não fazem mais sentido, as conversas e os telefonemas são dolorosos. Nada do que possamos fazer parece resolver as coisas que estão fora do lugar, tudo parece fora do lugar.
Outro dia eu li uma frase que dizia: ”Se chegar o momento de saltar, não exite e salte sem medo, sem olhar para trás.” Faz pouco mais de um ano e meio que, mesmo com medo, decidi saltar, seguir a minha vida e nunca mais olhar para trás. Desde então, depois do término, aprendi coisas que jamais pensei que aprenderia, suportei a saudade que agora virou só lembrança que não incomoda, nem dói. Aprendi a lidar com o fato de abrir mão de alguém que eu amava porque, por mais difícil que fosse admitir isso, era a melhor decisão a se tomar.
Tu simplesmente aprendes a lidar com o fato de que, às vezes, as pessoas não permanecem ao teu lado (e muitas vezes é melhor que não permaneçam mesmo), relacionamentos acabam, términos acontecem e tu precisas aprender, de uma forma ou de outra, a te reinventar porque a vida é isso mesmo. É seguir em frente, é aprender a lidar com perdas, independentemente de como essa perda te deixou.
Se tu já passaste por pelo menos mais de um término, já paraste para pensar que todo o fim te traz uma nova maneira de aprender a lidar com o que se foi e enxergar a vida de forma mais madura e segura. Não estou a dizer que terminar com alguém que tu amas muito seja o melhor caminho para te tornar uma pessoa mais cautelosa e responsável, mas se tu jás superaste pelo menos um ou dois términos, tu deves entender o que eu estou falando.
Términos te ajudam a compreender que depositar expectativas demais em alguém não torna esse alguém mais interessante para ti, só transforma o outro numa pessoa baseada nos teus pontos de vistas. Às vezes términos te deixam com aquela sensação de ter perdido a direção e não saber exatamente o que fazer depois que o outro partiu, mas términos também te ajudam a te reencontrar contigo mesmo, a te reerguer sozinho, a buscar na tua interioridade novos caminhos, e assim estar pronto para uma nova fase da tua vida.
A gente costuma pensar que nunca mais vamos encontrar alguém com aquelas características especiais que alguém que amamos possuía. E talvez a gente nunca mais encontre mesmo, mas isso não significa que os outros relacionamentos não possam ser realmente bons. Talvez as pessoas sejam insubstituíveis na sua essência, mas o que dita o tom, a intensidade e a durabilidade do relacionamento é mais a disponibilidade dos sujeitos do que as suas características pessoais.
Num dado momento tu percebes o simples fato de que, mesmo que vocês se esbarrassem novamente, o que viveram passou. Não volta mais. Tu não és mais a mesma pessoa, e a outra pessoa também não é mais a mesma. Tu deixas de dar importância ao tempo que vocês passaram juntos, e mesmo que esse tempo ainda signifique alguma coisa para ti, essa coisa agora é muito pequena perto do que tu buscas.
Fim de relacionamento não é o fim do mundo. Sempre vai existir alguém disposto a fazer por ti o que outra pessoa não quis fazer.
Texto de Iandê Albuquerque